A Arte da Paz

A China tem conquistado a sua influência internacional sem entrar em conflito, sem digladiar-se nos cenários de guerra e de confrontação entre potências.

Em tempos de paz ameaçada, vale a pena pensar nas artes da guerra. São muitos os intelectuais e estrategas que pensaram a guerra, enquanto fenómeno estratégico e geopolítico ou como ato político. Muito recentemente, a Guerra e Paz reeditou o livro “A Arte da Guerra” de Sun Tzu que se tornou um ícone da cultura pop, apesar de ter sido escrito há mais de 2.500 anos. A reedição de uma obra que apela à simplicidade traz de novo a questão: como se mantém ela atual? A resposta mais evidente é que, por muito que a tecnologia mude e a ciência progrida, a natureza humana não muda assim tanto e tampouco os jogos de poder, intrínsecos ao domínio político.

Aplicada cientificamente, sobretudo na área da ciência política e da gestão, em “A Arte da Guerra” escreve-se essencialmente sobre a “Arte da Paz”. Apesar do seu título, neste texto existe um grande esforço em elencar os custos da guerra, as consequências negativas que esta traz para o poder político, terminando num sábio conselho ao referir que a conquista mais inteligente de uma cidade é aquela em que não foi preciso fazer a guerra. Quer isto dizer que este livro se debruça, fundamentalmente, no como influenciar e pressionar, evitando o conflito armado cujos custos políticos, económicos, sociais e humanos são muito elevados.

Observando a China atual, parece-nos que a lição deixada por Sun Tzu foi muito bem aprendida. A China tem conquistado a sua influência internacional sem entrar em conflito, sem digladiar-se nos cenários de guerra e de confrontação entre potências ou anunciar constantemente os seus avanços em armamento com tecnologia de ponta. Surgindo como um parceiro para os negócios da globalização, respeitador dos acordos internacionais e ciente do seu papel no mundo, a China tem investido na disseminação pacífica da sua influência. Reconhecida enquanto tal, apresentou na semana passada um novo elemento que tem sido alvo do escrutínio e opinião internacional: a revisão constitucional que permite o prolongamento do mandato presidencial, neste caso, a manutenção de Xi Jinping no poder.

Leia o artigo completo no site do Jornal Económico.

Photo by wu yi / Public domain

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Cátia Miriam Costa

Researcher at CEI-IUL. PhD in Literature (Univ. Évora). Master in African Studies (ISCSP-UTL). Undergraduate studies in International Relations (ISCSP-UTL). Research interests: intercultural relations, colonial and post-colonial studies, international communicaion, discourse analysis. Work experience: Think tanks and Economic and scientific diplomacy.

Leave a Reply