A oportunidade que se vai perder

A evocação de uma memória faz-se à custa da sonegação de outra memória. Por isso, pode ser que estejamos perante uma oportunidade perdida: a de olhar para a poluição generalizada provocada pelas emissões de micro-partículas como o verdadeiro “inimigo a combater”, “custe o que custar”.

Continua a espantar-me o silêncio oficial generalizado perante a relação que patologistas e epidemiologistas têm evidenciado entre poluição atmosférica e quadros de imunodeficiência dos doentes internados com sintomas de infecção pela covid-19. Vale a pena olhar para a história para compreender este incómodo silêncio.

Sempre foi para mim um enigma a persistência temporal das celebrações do Dia do Armistício (11 de Novembro), da semana das papoilas à lapela e a ubiquidade dos padrões e estelas nacionais e locais evocativos dos soldados mortos durante a Primeira Guerra Mundial. Só agora começo a entender melhor os motivos desta verdadeira obsessão das entidades oficiais pelo estabelecimento e persistência de tais rituais colectivos e de tais inscrições em pedra que eternizam a memória da Grande Guerra nas paisagens dos centros urbanos europeus.

Continue a ler o artigo no site do Público.

As opiniões expressas neste texto representam unicamente o ponto de vista do autor e não vinculam o Centro de Estudos Internacionais, a sua direcção ou qualquer outro investigador.

Photo by Kristen Morith on Unsplash

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Manuel João Ramos

Researcher at CEI. Associate Professor (with Habilitation) at the Department of Anthropology at Iscte. PhD in Anthropology. Head of the Central Library of African Studies. Research Interests: African Studies, Anthropology of the Symbolic and Cognition, Heritage Studies, Horn of Africa.

Leave a Reply