MEDIA | Lançamento do livro ‘RARET- A Guerra Fria Combatida a Partir da Charneca Ribatejana’

O lançamento do livro ‘RARET – A Guerra Fria Combatida a Partir da Charneca Ribatejana’ continua a merecer destaque nos media.

A 10 de dezembro, o investigador Vítor Herdeiro viu o seu livro ‘RARET- A Guerra Fria Combatida a Partir da Charneca Ribatejana’ ser apresentado. Uma sessão que contou com a presença dos investigadores Luís Nuno Rodrigues e Ana Mónica Fonseca, e do autor da série Glória (emitida na Netflix), Pedro Lopes.

Este evento foi difundido por vários meios de comunicação, a destacar a peça escrita pela jornalista Maria João Martins do Diário de Notícias:

“Imagine-se um Ribatejo quase sem estradas e ainda sem a ponte de Vila de Franca de Xira, em que todo o transporte de pessoas e mercadorias era feito em barcaças Tejo abaixo, Tejo acima, ou em carros de bois. Um Ribatejo tão pobre e tão desprovido de tudo (eletricidade, saneamento, cuidados médicos…) que se tornaria o berço do neo-realismo português, inspirando autores como Soeiro Pereira Gomes e Alves Redol. Este último, homem de Vila Franca, mudar-se-ia durante uns meses para a aldeia da Glória do Ribatejo, dedicando-lhe um estudo etnográfico cheio de admiração pelo modo como os glorianos superavam todos os dias o esquecimento a que eram votados pelo poder central. Um esquecimento de tal maneira persistente que, mais de 15 anos e uma guerra mundial depois da publicação do livro de Redol (Glória, uma Aldeia do Ribatejo – Um ensaio etnográfico), os emissários do governo norte-americano, em busca de um lugar para tão singular empreendimento, mal podiam acreditar estar na Europa, a escassos 80 kms de Lisboa.

E, no entanto, seria precisamente nesse lugar próximo e, no entanto, remoto que se instalaria a RARET, que a partir do Centro Emissor da Glória do Ribatejo retransmitiria para os países da então denominada “Cortina de Ferro” as emissões da Radio Free Europe, organização patrocinada pelo National Commitee Free Europe, fundada nos Estados Unidos em 1949, com financiamento da CIA e dos fundos angariados pela designada Cruzada da Liberdade. Objetivo: difundir propaganda anti-comunista e proceder àquilo que, em ambiente de guerra, fria ou não, se chama “ação psicológica”. Contra todos os prognósticos, os norte-americanos ficaram na Glória até à década de 1990, mas a maioria dos portugueses (incluindo, como mais adiante se verá, os especialistas em História Contemporânea) só seria alertada para a real dimensão da RARET quando, no final do ano passado, estreou na Netflix a série portuguesa Glória.

Por um acaso feliz, ao mesmo tempo que o argumentista Pedro Lopes escrevia a sua história no ISCTE, um mestrando, Vitor Madaíl Herdeiro, surpreendia os professores com a proposta de uma dissertação centrada na RARET. “Sabíamos que tinha existido”, conta Luís Nuno Rodrigues, catedrático de História e diretor do Centro de Estudos Internacionais, “mas a verdade é que, na maior parte dos estudos publicados (e há muitos) sobre o papel de Portugal na Guerra Fria ou sobre as relações diplomáticas com os Estados Unidos neste período, não há mais do que um ou dois parágrafos sobre a RARET. Em contrapartida, há muita bibliografia sobre o estabelecimento dos norte-americanos na Base das Lajes ou sobre a integração de Portugal no Plano Marshall de apoio à reconstrução dos países europeus no pós-Segunda Guerra Mundial.” Foi, por isso, com surpresa e confesso ceticismo que quer Luís Nuno Rodrigues, quer a orientadora de mestrado do autor, Ana Mónica Fonseca, receberam esta proposta. “O tema pode ser interessante mas tem documentação para sustentar a tese?” Vítor Herdeiro porfiou e encontrou.”

Excerto retirado do Diário de Notícias, aceda aqui para ler o resto.

Além disso, António Murteira da Silva publicou no blog “Cultura e não só!” um artigo sobre o livro, que pode aceder aqui.

 

Foto de Mário Novais / Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian via Seminário O Novo

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