O Médio Oriente depois de Trump

Quando os Estados Unidos mudam de presidente e, principalmente, se o novo não é do mesmo partido, é natural que surjam algumas questões na cabeça de muitos líderes no mundo.

Entre eles, os do Médio Oriente costumam perguntar-se como estabelecer boas relações com o novo presidente, se já não as têm. No caso da atual mudança em Washington, esse facto é especialmente importante, pois o presidente que agora mora na Casa Branca tentou usar o Médio Oriente como a área do seu maior sucesso na política externa. Obviamente, criou uma situação muito incerta onde qualquer recém-chegado tem de se perguntar o que fazer com as coisas que recebeu do presidente anterior e o que tentar reconstruir do zero, daquilo que foi destruído pelo antecessor.

Primeiro, o novo presidente dos Estados Unidos não vai decididamente colocar o Médio Oriente como prioridade imediata da sua presidência, porque ele tem muito que fazer em casa. A pandemia da covid-19 nos Estados Unidos está a piorar, com um número inimaginável de pessoas infetadas todos os dias. As divisões criadas nos EUA pelo presidente Trump são muito profundas e terão de ser pelo menos parcialmente superadas, o mais rapidamente possível, o que será uma tarefa muito difícil e desgastante para o novo governo. Mas, ao mesmo tempo, o novo presidente terá de lidar com uma série de questões relativas à segurança e à posição dos EUA entre os aliados (e inimigos) e esse facto terá, de alguma maneira, de chamar a sua atenção para o Médio Oriente.

Portanto, com Israel, deve-se esperar que as boas relações continuem em todos os campos, mas algumas coisas terão de mudar. A embaixada americana manter-se-á em Jerusalém, o que já foi decidido pelo novo presidente em Washington. Basicamente, é a velha decisão do Congresso dos Estados Unidos de mudar a embaixada e o ex-presidente Trump limitou-se a concretizá-la. A soberania israelita sobre toda a Jerusalém e os Montes Golan permanecerá reconhecida pelos EUA, porque qualquer decisão diferente de Washington apenas daria lugar a uma nova questão no campo de batalha político a nível doméstico.

Continue a ler o artigo no site do DN.

As opiniões expressas neste texto representam unicamente o ponto de vista do autor e não vinculam o Centro de Estudos Internacionais, a sua direcção ou qualquer outro investigador.

President-elect Joe Biden / photo by Gage Skidmore / CC BY-SA 2.0

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Mirko Stefanovic

Reseacher at CEI-IUL. Associate Professor at Law School of University NOVA in Lisbon. A Lawyer by education, he served as State Secretary and General Secretary at the Ministry of Foreign Affairs of Serbia. Between 1992 and 2001 he was Ambassador of Yugoslavia in Israel and between 2011 and 2015 he was Ambassador of Serbia in Portugal.

Leave a Reply