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Mas Afinal O Que Assinaram Em Roma Há 60 Anos?

A UE é um dos mais livres e iguais espaços de cidadania. Isso já não é coisa pouca e deveria aconselhar-nos a cuidar da sua preservação e aprofundamento.

O atual Tratado da União Europeia foi negociado num convento belga. A primeira versão, que mais tarde seria tantas vezes emendada até ao Tratado de Lisboa, foi terminada no início de 1957. Escolheu-se um local e uma data — Roma, 25 de março — para a sua assinatura por três presidentes e três monarcas dos seis países fundadores da UE.

Tomadas estas decisões, um funcionário da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço foi metido num comboio a partir do Luxemburgo. Levava com ele o texto do tratado e as máquinas de mimeografia que então se usavam para imprimir as cópias que seriam solenemente assinadas em Itália. Mas quando chegou à fronteira da Suíça este primeiro eurocrata ouviu um barulho na sua carruagem que prenunciava o pior. Sem que ninguém se tivesse lembrado disso, havia então uma lei suíça que determinava que as carruagens de mercadorias e as de passageiros fossem separadas e seguissem caminhos diferentes. O pobre homem lá perdeu um tempo precioso a localizar as máquinas de mimeografia e chegou à capital italiana já muito próximo da data da assinatura do tratado.

Era preciso tratar de tudo o mais depressa possível. Mas aí, novo contratempo. A sala onde era suposto instalarem-se os mimeógrafos, num palácio italiano, tinha as paredes cobertas com magníficas pinturas a fresco. Ora aquelas máquinas tinham o problema de espalharem tinta por todo o lado e os italianos não tinham dinheiro para restaurar os frescos depois. Foi preciso mudá-las para uma cave e encontrar estudantes italianos e secretárias vindas do Luxemburgo para compor rapidamente as matrizes para o texto. Mas os problemas ainda não tinham acabado: a cave era demasiado húmida e as folhas impressas demoravam muito tempo a secar. A única solução foi atapetar o chão com as páginas do futuro tratado da CEE e deixá-las repousar durante a noite.

Leia o artigo completo de Rui Tavares no site do jornal Público.

Official signature of the Treaty of Rome on Musei Capitolini, in 1957. Photo by unknown / Public domain.

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Rui Tavares

Researcher at CEI-IUL. PhD in History (École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris). Member of the European Parliament and rapporteur for refugee and human rights issues in Hungary (2009-14). Research interests: History; Portuguese cultural and political history; European Union history and theory.