Ana Isabel Xavier sobre as relações entre UE/África: Cimeira não pode ignorar atual contexto securitário
A Cimeira UE/África de quarta e quinta-feira em Abidjan, não vai poder ignorar o atual contexto securitário, tanto mais que muitos dos problemas africanos estão a ser exportados para Europa, defendeu hoje a académica portuguesa Ana Isabel Xavier.
Segundo a professora universitária e investigadora do Centro de Estudos Internacionais (CEI) do ISCTE, a União Europeia (UE) já reiterou a disponibilidade para reforçar as verbas financeiras para África – através dos fundos de Ajuda para Emergências em África (FAEA) e Europeu para o Desenvolvimento Sustentável (FEDS) -, para garantir a fixação das populações e a estabilidade no continente.
“É óbvio que a cimeira não vai poder ignorar o atual contexto securitário de África, bem como o facto dos muitos problemas atuais que África atravessa estarem a ser exportados para a Europa. Uma das expectativas da cimeira é dar à UA [União Africana] mais responsabilidades na condução da integração regional em matéria de segurança e desenvolvimento”, afirmou.
Salientando que a Europa também está disponível para apoiar os esforços de África na concretização das metas dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, Ana Isabel Xavier defendeu que a UA terá de desempenhar um papel “muito relevante na estabilidade regional, em termos de segurança”.
“Quando olhamos hoje para a instabilidade que se vive no Sahel ou no Corno de África, regiões onde até a UE tem missões civis e militares em curso, é verdade que a UE tem um papel muito importante nestas regiões e vê estas regiões como uma ameaça para a sua própria segurança enquanto território europeu”, explicou.
“Mas são também missões e operações em que a UA é um parceiro fundamental e, por isso, a cimeira poderá, de alguma forma, vir a criar uma maior expectativa para a UA desempenhar a sua função de ator de gestão de crises e de estabilizador regional, com a vantagem extra de poder ser ainda mais reconhecido pelos seus parceiros regionais, porque é uma organização africana, do que a própria EU”, prosseguiu.
Na cimeira, acrescentou a docente universitária, há também a expectativa de que, além dos temas das migrações, terrorismo e segurança, o cerne vai ser a questão dos jovens, no sentido de lhes assegurar a democracia, direitos humanos e boa governação.
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Federica Mogherini at the podium during the closing ceremony of the EU-Africa Business Forum 2017. Photo by Seyllou Diallo / Public domain
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