Anúncio da saída de José Eduardo dos Santos da liderança do MPLA é “meia surpresa”
O académico português Eugénio Costa Almeida considerou hoje à agência Lusa que o anúncio da saída de José Eduardo dos Santos da liderança do MPLA, prevista para setembro próximo, “é uma meia surpresa”, mas, sobretudo, “uma cedência”.
Costa Almeida argumentou que, até há pouco tempo, não estava previsto qualquer congresso extraordinário e que, dentro dos “mentideros” do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) não havia nenhuma indicação clara e objetiva sobre se José Eduardo dos Santos iria deixar o partido e sobre quem o iria substituir.
“Mas, cedência, é. Se é imposta, isso já será difícil de dizer, porque as informações que circulam e que transpiram não são muito claras (…) Nunca tivemos a certeza absoluta de qual seria a ideia de Eduardo dos Santos, se era ele que estava por trás, se eram aqueles que não queriam perder, que é o que parece, alguns benefícios e regalias que tinham ou se seriam ainda outras pessoas a provocar esta situação”, disse.
“Há indicações de que há muito que Eduardo dos Santos estava a ser pressionado para sair da liderança do MPLA porque a bicefalia não era possível”, realçou o investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE do Instituto Universitário de Lisboa, admitindo, também as possibilidades de um estado de saúde debilitado e o cumprimento da promessa de abandonar definitivamente a política.
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