E se o cão ladrar?
A China tem dois grandes objetivos: unir o seu território debaixo de um mesmo regime, incluindo Taiwan, e expandir-se internacionalmente através dos seu ‘soft power’ económico.
Costuma dizer-se que Ano Novo, vida nova, não estando contudo provada esta relação causal. Na próxima semana muda o ano chinês, que entrará no Ano do Cão. Esta é uma época de renovação e muita celebração na China e em todos os países onde residem os seus nacionais. Também na sua cultura o ano novo sugere regeneração e renovação e é isso mesmo que festejam.
Muito se tem falado sobre a República Popular da China, os seus investimentos no estrangeiro e a aparentemente estranha defesa de um sistema internacional mais aberto economicamente e assente no multilateralismo em termos políticos. No entanto, nada disto é surpreendente. Os países defendem aquilo que lhes é mais conveniente. E dadas as características da economia chinesa, incluindo um mercado interno em expansão, a transnacionalidade das operações económicas interessa-lhe. Também a estabilidade garantida por um sistema internacional baseado em equilíbrios lhe é favorável, porque permite a Pequim ir negociando bilateralmente quando pode ou multilateralmente (por exemplo, com os blocos regionais) quando é obrigada.
A China tem dois grandes objetivos: unir todas as partes do seu território debaixo de um mesmo regime, incluindo Taiwan nesse processo, e expandir-se internacionalmente através dos seu soft power económico e financeiro. Interessa-lhe marcar o seu espaço vital para que outros não o ocupem e ter liberdade de ação nas geografias mais distantes. A “Nova Rota da Seda” representa essa mesma liberdade de interligar cidades-porto, através da sua vertente marítima, e cidades mais interiores na sua vertente terrestre. Ligando e colocando em comunicação o mundo nestes pontos estratégicos, a China sabe que está a caminhar para uma liderança internacional paciente e silenciosa que lhe convém. Assenta na expansão económica e retrai-se numa intenção de liderança global. Em termos geoestratégicos, os seus esforços concentram-se na região geográfica que lhe interessa e que garante que a unidade da China será exequível, bem como, que os seus competidores mais próximos não poderão exercer um contrapoder que coloque em causa os seus objetivos.
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Xi Jinping. Photo by Anderson Riedel / CC BY-SA 2.0
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