Faleceu um dos “pais fundadores” dos Estudos Africanos em Portugal e no ISCTE-IUL
Faleceu Armando Trigo de Abreu (1940-2017) um dos “pais fundadores” dos Estudos Africanos em Portugal e no ISCTE-IUL
Licenciado em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA – UTL/1965), e com um ‘Diplôme d’Etudes en Développement’ (IRFED – Paris 1964), Trigo de Abreu foi investigador e membro do Conselho Diretivo do Instituto Gulbenkian de Ciência. Foi um dos promotores mais destacados da criação de uma política da ciência em Portugal, ao lado de José Mariano Gago, do qual foi Chefe de Gabinete no Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior entre de 2005 a 2009. Ocupou ainda numerosos cargos de direção e coordenação tanto em programas de financiamento científico como em instituições ligadas aos estudos de desenvolvimento, no qual se destaca a Associação Europeia de Institutos de Desenvolvimento.
Foi Professor Auxiliar Convidado do ISCTE-IUL desde 1986. Juntamente com Franz-Wilheim Heimer e Mário Murteira foi um dos fundadores do Centro de Estudos Africanos, antecessor do atual Centro de Estudos Internacionais, e do Mestrado em Estudos Africanos. Foi membro da Direção do Centro de Estudos Africanos e Presidente da Direção entre 1995 e 1996. Entre 2011 e 2013 dirigiu a Comissão Externa Permanente de Aconselhamento Científico do CEA, ao lado de Ebrima Sall (CODESRIA), Victor Ângelo (Centro Norte-Sul) e Manuel Correia (IPAD).
A sua visão da ciência em Portugal incluía os Estudos de Desenvolvimento e os Estudos Africanos, tendo sido um dos principais promotores e defensores da criação de uma área científica de Estudos Africanos na Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta área, reconhecida pela FCT entre 2004 e 2012, foi essencial para a afirmação deste campo de estudos e a modernização dos Estudos Africanos no país. Durante este período a FCT financiou a investigação específica nesta área, através da avaliação das unidades de I&D, dos concursos de projetos específicos, das bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, dos concursos para Investigador Ciência, que permitiram a consolidação dos Estudos Africanos, a criação de redes internacionais de investigação e desenvolvimento, nomeadamente com os PALOP e com parceiros europeus, o apoio ao ensino pós-graduado da especialidade. Esta intensa atividade, e a afirmação dos Estudos Africanos em Portugal é devedora, em primeiro lugar, da visão de Armando Trigo de Abreu.
Pelo muito que lhe devemos e pelo seu conselho amigo sempre presente, muito obrigado Professor Armando Trigo de Abreu!
Prof. Trigo de Abreu (segundo, a contar da direita), Photo by ISCTE-IUL / CC BY-NC-ND 2.0
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