Fidel, o Antiamericano
A figura de Fidel Castro não deixa ninguém indiferente. O seu percurso gera ódios e paixões que se manifestam com particular intensidade por estes dias. Não se pretende, aqui, entrar nessa discussão infrutífera sobre o carácter ditatorial do regime cubano e sobre a imoralidade de graduar ditaduras consoante as afinidades ideológicas de cada um. O regime cubano conta com os ingrediente que permitem classificá-lo, sem grandes hesitações, como uma ditadura. Embora, por outro lado, pese a essencial proclamação de que todas as ditaduras são nefastas, do ponto de vista prático, é evidente que nem todas as ditaduras são iguais e, à esquerda e à direita, há regimes autoritários mais nefastos do que outros.
Dito isto, parece ser bem mais interessante procurar compreender o que permitiu a Fidel Castro consolidar o seu poder e conservá-lo durante tantos anos.
Ao olhar para a generalidade dos regimes comunistas que se implantaram a partir do pós-Segunda Guerra Mundial, poder-se-á constatar que as lideranças mais carismáticas residiram nas figuras com substância própria e que desempenharam um papel relevante (e sem a presença do Exército Vermelho) na libertação do seu país contra um opressor/inimigo externo ou interno: Tito na Jugoslávia, Ho Chi Minh no Vietname ou Fidel Castro em Cuba. A legitimidade do poder destes líderes parece residir no esforço próprio e não numa unção por Moscovo, contrariamente ao que ocorreu na Alemanha Oriental, Polónia ou Checoslováquia. Fidel Castro contou com duas vantagens acrescidas em relação a Tito ou a Ho Chi Minh: não viu o seu país devastado por uma guerra a larga escala e contou com um inimigo à porta que funcionou como garante da perpetuação do regime.
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Fidel e Raúl Castro / CC0 1.0
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