Itália (também) no centro do furacão
O grande problema é que Renzi não é o único a arriscar com este referendo. Propositadamente ou não, acabou por arrastar Itália para o centro da tempestade em que se transformou a política europeia em 2016.
O referendo constitucional que se celebra no próximo domingo em Itália será determinante para o futuro do presidente do Conselho de Ministros, Matteo Renzi, e para a sua continuidade no poder. Caso a reforma da Constituição receba luz verde do eleitorado italiano, Renzi poderá passar à história como o autor da mais profunda alteração no sistema político do seu país desde a instauração da República no pós-Segunda Guerra Mundial. Se os italianos optarem por recusar a sua proposta, será mais um líder derrotado num 2016 que está a triturar o que restava de normalidade na política internacional.
Matteo Renzi assumiu a liderança do Partido Democrático (PD) num processo complexo através do qual afastou/derrotou Pier Luigi Bersani, que vencera as eleições legislativas de 2013 mas não conseguira formar governo. O PD é herdeiro do velho Partido Comunista Italiano (o mais poderoso partido comunista da Europa Ocidental durante a Guerra Fria), que sofreu várias metamorfoses, cisões e fusões até se transformar na grande casa de centro-esquerda, que alberga desde marxistas convertidos a democratas-cristãos moderados. Desde que assumiu o Governo, em 2014, Renzi conseguiu o feito histórico de ser o primeiro político de esquerda a monopolizar a cena política italiana como só Sílvio Berlusconi (a partir da direita) tinha conseguido.
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Photo by Francesco Pierantoni / CC BY 2.0
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