8 FEV | Pensar África: Asante – construção histórica ou realidade política?
A sessão do Pensar África deste mês será com o investigador do CEI-IUL Vítor Alexandre Lourenço que trabalha, entre outras, as relações políticas da região do Asante. Será este o tema do próximo seminário, que decorre dia 8 de fevereiro, pelas 18h, no auditório Caiano Pereira (ISCTE-IUL), com entrada livre.
Sobre o seminário
Asante: construção histórica ou realidade política?
A presente investigação desenvolve-se em torno da temática das relações políticas tecidas entre o Estado ganês e as Autoridades Tradicionais Asante, em contexto “pós-colonial”, na região Ashanti.
O propósito científico desta tese, consubstancia-se na demonstração da existência de uma governação política dualista nesta região do Gana, promovida por legitimações políticas procedentes de duas matrizes político-culturais historicamente diferenciadas: a primeira, escora-se no moderno sistema político do Estado ganês, cuja legitimidade assenta, sobretudo, num aparelho burocrático-racional que deriva do primado das normas jurídicas e dos preceitos constitucionais. A segunda, funda-se no tradicional sistema político Asante, no qual a “produção do político” e os códigos simbólicos do sagrado constituem um todo coerente e indissolúvel.
Neste sentido, a coexistência de lógicas legitimadoras antagónicas “abre a porta” a uma situação política concorrencial mais ou menos velada: se as bases da legitimidade política do Estado ganês e das Autoridades Tradicionais Asante não são as mesmas, então ambas as partes podem defender que a sua autoridade política é legítima sem recorrer à negação da legitimidade política da outra parte, limitando-se a reivindicar que ela se exerce numa esfera distinta da sua.
Com ou sem esferas de atuação separadas, o facto é que estes agentes políticos se posicionam relacionalmente no campo político da região Ashanti, pelo que, em termos práticos, se encontram desde o período colonial em permanente relação política, competindo, cooperando ou interdependendo entre si, em função das espécies de capital de que dispõem e das estratégias políticas que convocam em determinada conjuntura histórico-política, “institucionalizando” assim um paradoxo político que edificou uma dualidade política na governação, perdurante até aos dias de hoje.
Sobre o orador:
Politólogo, investigador do CEI-IUL no âmbito dos projectos “Estado, autoridades tradicionais e modernização política: O papel das autoridades tradicionais no processo de mudança política em África”, “Dinâmicas sociais na estruturação dos espaços políticos em contextos rurais africanos” e “Identidades e fronteiras em África”, financiados pela FCT.
O autor tem diversos trabalhos científicos publicados sobre Moçambique, de entre os quais se destacam os livro Mfumo e (Ti)Hosi: Figuras do Político em Moçambique (2006, Lisboa: UNL/AER, 322 pp) e Moçambique: memórias sociais de ontem, dilemas políticos de hoje (2009, Lisboa: Gespress/CEA-IUL, 354 pp).
Atualmente, desenvolve o seu trabalho de investigação na especialidade de Estruturas políticas e dinâmicas sociais em África, com particular destaque para o Gana.
Dr Banda is received by the Asantehene of Ashanti, Ghana / Photo by National Archives of Malawi / CC BY-SA 4.0
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