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Perspectivas para 2018 com Ana Isabel Xavier e Filipe Vasconcelos Romão

Ana Isabel Xavier e Filipe Vasconcelos Romão, investigadores do Centro de Estudos Internacionais (CEI-IUL), foram dois dos convidados de Ricardo Alexandre no programa Visão Global da Antena 1, para falar sobre o que se pode esperar do mundo em 2018 no que diz respeito à política internacional, .

Para Filipe Vasconcelos Romão, a Líbia continuará a ser um problema em 2018, afectando a União Europeia (UE) e a sua relação com os países da fronteira sul do Mar Mediterrâneo, em parte por causa dos fluxos migratório. Prevê-se “uma multiplicação de actores” no país e uma contínua “inexistência de um controlo efectivo e de um poder centralizado que controle a totalidade do Estado”, sendo que o acordo estabelecido entre a UE e a Turquia sobre refugiados poderá ser alargado a mais países do Médio Oriente, uma tentativa da Europa de tentar solucionar o “problema” na origem.

No que diz respeito aos EUA e às eleições intercalares de Novembro de 2018, o investigador do CEI-IUL relembrou que o partido republicano tende a “cerrar fileiras” mesmo quando existem fortes divergências internas, como foi comprovado com a aprovação da reforma fiscal.

Em Julho, a Argentina vai receber a Cimeira do G-20. Numa antevisão aos temas quentes da América Latina, Filipe Romão destacou a resiliência do regime cubano um ano após o desaparecimento de Fidel Castro e o regresso da “diabolização” dos Estados Unidos. Relativamente às futuras eleições brasileiras, o investigador caracterizou o país como “dividido e marcado pela imagem de Lula da Silva”, onde o PT não consegue arranjar uma alternativa ao antigo Presidente.

Ana Isabel Xavier salientou a falta de governo da Alemanha e o problema que a chanceler Angela Merkel tem em mãos. É necessária (novamente) a formação de uma coligação entre a CDU e o SPD de Martin Schulz e as negociações começam já dia 7 de Janeiro, estando marcada para dia 12 a apresentação de um documento que sistematize os pontos principais das conversações.De sublinhar ainda a tendência para o “declínio dos partidos tradicionais mainstream“, caso não só da Alemanha como também da Áustria, onde existe um tentativa de governação entre o ÖVP de Sebastian Kurz (partido popular) e o FPÖ (de extrema-direita), sendo que o FPÖ poderá vir a ter as pastas de defesa, administração interna e negócios estrangeiros.

No que diz respeito às eleições intercalares, em Novembro, para a Câmara dos Representantes, a investigadora do CEI-IUL não acredita que os republicanos percam a maioria, mas afirmou que é possível que Donald Trump perca um pouco da margem de conforto que tem tido nos primeiros tempos de presidência. Dada a imprevisibilidade dos Estados Unidos, “a haver essa viragem, poderá ser um sinal claro para Trump que a sua reeleição poderá estar em risco”.

Sobre o reforço militar no Afeganistão para fazer face à ameaça talibã e ao aumento de atentados do auto-proclamado Estado Islâmico, Ana Isabel Xavier destacou a necessidade de preservar a paz nas regiões em que esta existe, de forma a atenuar a projecção da instabilidade e da insegurança para fora das suas fronteiras. O envolvimento dos Estados-membros da UE no Afeganistão é mais uma tentativa de solucionar o “problema” na origem. Por outro lado, a investigadora do CEI-IUL salientou que é necessário prestar atenção aos processos de radicalização dos migrantes que chegam à Europa, que “não têm perspectivas de recepção ou acolhimento por parte das sociedades europeias”, nem hipóteses de regresso aos seus países, utilizando para tal uma abordagem tripartida: ter uma atenção redobrada nos países de origem, de trânsito e, por último, de chegada.

Para ouvir, na íntegra, no site da RTP Play.

European Commission President Jean-Claude Juncker, German Chancellor Angela Merkel and Martin Schulz. Photo by Adam Berry / Public domain

 

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