Segurança e Defesa: 10 Temas de 2017 para 2018
Selecionámos 10 temas, no âmbito da Segurança e Defesa, que não só marcaram 2017 como se prevê terem efeitos em 2018:
- Da Península Coreana para o Mundo: Ao longo de 2017 a Coreia do Norte fez mais testes para provar, e demonstrar, a sua capacidade de projeção nuclear, tanto na região como, inclusivamente, contra os próprios EUA. O clima de declarações que se assistiu foi, e continua, tenso. Em 2018, a tensão irá continuar com a certeza que, um passo incerto e desequilibrado, se poderá entrar num conflito terrível, nuclear ou não, com milhares de baixas, provavelmente, na sua maioria, civis. Que o terreno continue a ser o da diplomacia e, esperemos, que nos devolva a tranquilidade.
- Da libertação dos territórios ocupados pelo DAESH: 2017 assistiu à derrota do Daesh no Iraque e espera-se que o mesmo aconteça no início de 2018 na Síria. É muito importante porque não só demonstra o valor das novas estratégias em aplicação como significa uma disrupção significativa na corrente de financiamentos e de propaganda radical jiadista em todo o Mundo. Não é o fim de nada mas 2018 pode ser o continuar da determinação coletiva em terminar o radicalismo extremo ou, por imprudência, por se acreditar que o problema está contido, o reacender do terrorismo naquelas paragens e em muitas mais regiões.
- Um Plano Marshall para África: A Europa percebeu, finalmente, que o Mediterrâneo não é um mar que separa mas antes um lago que junta as margens norte-sul. Criar e aprofundar condições de desenvolvimento não é só importante para quem vive em regiões fortemente afetadas pelas alterações climáticas, pelas pressões demográficas, por alguns regimes ingovernáveis, pelas guerras civis e pela criminalidade organizada mas é, fundamentalmente, uma questão decisiva para o Mundo, começando pelos vizinhos mais próximos, os Europeus. Em 2017 assinou-se a intenção, que 2018 confirme a ação.
- A venda de escravos na Líbia: Vendem-se escravos na Líbia, noivas no Afeganistão e deportam-se vítimas de violação no Reino Unido. O choque da realidade em 2017 obriga a uma ação humanista, decidida, em 2018. Longo será o caminho mas estes exemplos de enorme vergonha não podem ser tolerados e têm de ser prevenidos.
- Do Boko Haram a Leste ao Al-Shabab a Oeste: Não são uns poucos terroristas, são enormes “quase exércitos” privados que atuam em mais do que um país, mas essencialmente na Nigéria e na Somália e que, infelizmente, conseguem causar o horror, a destruição e a morte em inúmeras regiões. 2017 mostrou o assustador número de bombistas suicidas e o enorme alcance das suas ações. São um exemplo maior de inúmeros grupos extremistas que grassam em todo o mundo e esperemos que em 2018, o deixem de fazer impunemente.
- Da extinção da vida humana no planeta no aviso de 15.000 cientistas: 25 anos depois do primeiro aviso sério, este é ainda mais grave. Em 2017 muitos milhões de céticos, porque viram ou sentiram fenómenos extremos, finalmente acreditaram nos avisos. Ainda há quem negue mas parece claro que a esmagadora maioria sabe a gravidade do problema: Podemos causar a nossa própria extinção. Há soluções e existem medidas para mitigar os efeitos. Que 2018 mostre que as intenções apresentadas em Paris vão mesmo passar a ser realidade.
- Robots, Inteligência Artificial e Aprendizagem automática: Harari e Hawking avisam que as máquinas vão vencer, Damásio e Domingos dizem que os Humanos saberão tirar o melhor da tecnologia. 2017 mostrou que o mundo muda, a cada dia, cada vez mais depressa e de forma dramática. Excelentes oportunidades e enormes perigos. 2018 pode ser o ano da transição e da esperança, quando a humanidade conseguir provar que a evolução científica, embora com riscos evidentes, é muito mais uma solução do que um problema.
- Da surpresa à dimensão da destruição terrorista: Barcelona e Teerão, dois ataques coordenados terroristas não antecipados e inesperados. Mogadíscio e Sinai, dois ataques com centenas de mortos em cada um (512 e 305, respetivamente). 2017 lembra-nos da perenidade do fenómeno terrorista e, simultaneamente, a imensa capacidade que existe para surpreender e para criar dispositivos de morte cada vez mais potentes. Os exemplos são regionais mas o fenómeno é transnacional e, esperemos que em 2018, os países não desistam de colaborar para continuar a combater este fenómeno de forma global.
- A revisão dos compromissos globais: Quando se abandona uma convenção, um tratado internacional ou se toma, sozinho, a decisão de reconhecimentos internacionais recordamo-nos como estamos longe de encontrar solução globais de gestão global. A ONU é a única Organização que pode tomar decisões de efeitos globais mas, infelizmente, ainda é o poder relativo das nações que marcam o ritmo das relações internacionais. Em 2017 foi evidente e não parece que 2018 possa vir a ser muito melhor mas, esperemos para ver.
- A esperança e os fantasmas de uma Segurança Estruturada Permanente (PESCO): É bom saber que a Europa quer coordenar melhor a sua ação externa, as suas capacidades coletivas, reforçar a indústria e a tecnologia mas, infelizmente, em 2017, também se percebeu as enormes desconfianças que persistem em torno de ideias de mais aprofundamento na Segurança e Defesa. Que 2018 prove que é possível melhorar muito as capacidades de cada Estado e o produto europeu de segurança e defesa sem levantar “fantasmas” de um passado cada vez mais distante.
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