Soares, Portugal e o Mundo
O prestígio de Portugal no mundo começou a ser construído há 43 anos por Mário Soares.
A 24 de Abril de 1974, Portugal era um país internacionalmente isolado. Apesar de manter relações diplomáticas com mais de 50 Estados, a guerra colonial em três frentes, em clara contramão com o princípio da autodeterminação dos povos estabelecido pela Carta das Nações Unidas em 1945, fazia de Portugal um activo tóxico até para os seus aliados históricos.
Até 1974, Portugal e Espanha constituíam um anacronismo no contexto da Europa Ocidental. O Estado Novo e o franquismo tinham sido instituídos nos anos 30, num ambiente de ascensão dos regimes fascistas e quando algumas democracias ainda olhavam com tolerância para o regresso da ordem à Alemanha e a Itália. As dinâmicas do pós-guerra e, sobretudo, a necessidade de fazer frente aos soviéticos foram determinantes para perpetuar no poder os ditadores Oliveira Salazar e Francisco Franco.
Aquando do regresso de Mário Soares a 28 de Abril de 1974, Portugal é um país isolado, sobretudo por uma política colonial que assentava na tentativa de manter um modelo de relacionamento com as então colónias totalmente desfasado do tempo. Tendemos a olhar para o Soares Presidente, para o Soares primeiro-ministro ou para o Soares secretário-geral do Partido Socialista. Porém, o Soares ministro dos Negócios Estrangeiros (Maio de 1974 a Março de 1975) deixa uma obra não menos relevante e muitas vezes denegrida pelos seus detractores.
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Mário Soares in 1975. Photo by Hans Peters, Anefo / CC BY-SA 3.0 NL
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