Suspirar de Alívio
O verdadeiro problema estrutural da União Europeia (UE) não passa pela crise do euro, pela pressão dos refugiados ou, sequer, pelo envelhecimento da população. O grande drama europeu reside na incapacidade que este projecto tem para estabelecer um laço de afecto com os seus cidadãos semelhante ao que os Estados estabelecem com os seus nacionais.
Os cidadãos europeus beneficiam, todos os dias, das enormes mais-valias de fazer parte da UE, enquanto consumidores, estudantes, utentes de serviços públicos, residentes em cidades, trabalhadores… Todos estes benefícios são encarados como direitos adquiridos, como algo que “sempre cá esteve”, não sendo associados à União, mas a uma certa evolução natural da vida em sociedade. Um dos sinais mais evidentes da desarticulação entre a Europa e a sua cidadania é a baixíssima taxa de participação nas eleições para o Parlamento Europeu. O outro, mais grave, passa pela enorme crise que as famílias políticas fundadoras do projecto europeu atravessam.
Sociais-democratas e conservadores não conseguem, hoje, em grande medida pela forma como geriram a própria UE, estancar uma colossal perda de apoios no seio das sociedades nacionais. Há alguns anos, as eleições eram previsíveis e marcadas pela alternância entre partidos ou coligações (pré e pós-eleitorais), o que conferia alguma estabilidade ao sistema. No entanto, o excesso de tempo no poder produz acomodação e conduz a uma progressiva desconexão com o eleitorado. Por outro lado, os governos europeus nunca estiveram dispostos a pagar os custos de uma politização da Europa, pelo que o funcionamento da União sempre foi burocrático, hermético, projectando uma imagem de distância em relação ao cidadão comum.
Leia o artigo completo de Filipe Vasconcelos Romão no site da RTP Notícias.
Euromaidan in Kiev, Ukraine. Photo by Evgeny Feldman / CC-BY-SA-3.0
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