This Week in the News (January 20, 2017)
Cimeira de Paris para o Médio Oriente
A semana começou com o resultado de mais uma tentativa de estabelecer conversações acerca da questão do Médio Oriente. Numa conferência realizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, ocorrida no domingo, 15 de Janeiro, em Paris, estiveram presentes cerca de 70 países e organizações comprometidos com o processo de paz Israelo-Palestiniano, incluindo a ONU, a UE, os G20 e os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
As reações, sobretudo de Israel e da Autoridade Palestiniana não terão sido as melhores, uma vez que nenhum dos principais interessados não esteve sequer presente na Cimeira. Mas a Conferência, apesar de reforçar a defesa da solução dos dois estados no seu comunicado final, não conseguiu ir muito mais além. Porém, e como sempre acontece nestas situações, permitiu uma leitura sobre outras realidades – por exemplo, o comportamento, notado, da Grã-Bretanha. Como bem salientou o The Guardian, ao se ter recusado em enviar uma delegação ao mais alto nível para a Cimeira, o Foreign Office “assinalou a sua determinação em manter-se próximo da administração Trump”.
Uma estratégia para o Brexit?
Outro dos momentos marcantes da semana foi o discurso da Primeira-Ministra britânica, Theresa May, acerca do Brexit. Num tom mais duro que até aqui, May não hesitou em assumir que a Grã-Bretanha sairá do Mercado Único, mas recusando quaisquer hipóteses de Londres sofrer punições por parte de Bruxelas. De resto, este terá sido uma das primeiras demonstrações por parte de May de que efetivamente existe uma estratégia britânica para as negociações que se iniciarão em breve com Bruxelas.
Do outro lado do Atlântico, o New York Times destacou quatro citações-chave deste discurso que melhor representam qual será essa estratégia. Por seu lado, o Le Monde não hesita em colocar o ónus do Brexit como sendo duro e difícil para os Britânicos, e não para os restantes países europeus, chegando a afirmar no seu editorial que o Reino Unido passará a ter um estatuto inferior ao da Turquia.
Donald Trump, 45º Presidente norte-americano
É o assunto incontornável da semana, como tem sido dos últimos meses. A tomada de posse de Donald Trump domina não só a imprensa anglo-saxónica como toda a imprensa europeia e mundial. Domina igualmente os contornos do que se passou em Paris, em Davos ou os novos alinhamentos externos da Grã-Bretanha, pré- e pós-Brexit.
Nesta semana, para além das inúmeras análises ao que poderemos esperar da Administração Trump, uma entrevista do então ainda Presidente Eleito ao germânico Bild e ao britânico The Times. Aqui, Trump expôs várias declarações acerca da sua visão da Europa, da NATO e até da ONU, sendo que nenhuma delas foi particularmente positiva. As ondas de choque fizeram-se sentir, nomeadamente da parte dos líderes europeus. Merkel não hesitou em assumir que é chegada a hora de os Europeus tomarem conta de si próprios, particularmente importante quando temos pela primeira vez um presidente norte-americano que não apoia a integração europeia. Aliás, Angela Merkel foi diretamente visada nas declarações de Trump, o que, segundo o Politico Europe, poderá ter sido uma mais-valia para a Chanceler alemã.
Enfim, como é já deveras referido, os desafios, internos e externos, da nova administração são variados. A incerteza da resposta de Washington é justificada sobretudo pela personalidade de Trump e pela inexperiência da sua equipa. Numa interessante panorâmica, Jeffrey Sachs escreve no El País uma interessante coluna sobre o mundo que espera a Administração Trump. E para um acompanhamento atento da nova administração norte-americana num mundo em mudança, o melhor é seguir o Changing World.
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