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This Week in the News (October 21, 2016)

 Trump vs. Clinton: Debate final

A semana ficou marcada pelo último confronto direto entre os candidatos à Presidência norte-americana, Hillary Clinton e Donald Trump. Dos vários soundbytes que resultaram do debate, dois são incontornáveis. O primeiro, refletindo mais uma posição desrespeitosa de Trump em relação à sua opositora – e ao sexo feminino em geral – foi o “such a nasty woman”, atirado a Hillary quando esta apresentava a sua proposta para a segurança social. As reações não se fizeram esperar e revelaram mais uma vez o impacto que a posição misógina de Trump poderá ter no resultado eleitoral. Aliás, a esta expressão junta-se uma outra, também ela proferida pelo candidato do Partido Republicano à Casa Branca no debate desta semana: “bad hombres”, referindo-se à sua proposta de expulsão dos imigrantes ilegais. As respostas nas redes sociais não se fizeram esperar e são, no mínimo, imaginativas.

O outro importante soundbyte produzido pelo debate foi a hesitação de Trump em revelar qual a sua atitude perante o reconhecimento do resultado eleitoral que não lhe fosse favorável. Nem que seja por não assumir imediatamente a aceitação dos resultados, sejam quais forem, esta atitude de Trump revela, segundo Charles Hawley, do Der Spiegel, um ataque ao que de mais profundo existe na vida política americana: a crença e o respeito pela Constituição.

Tirando estes aspetos quase caricatos – não fossem as suas consequências sérias demais – a campanha eleitoral de Donald Trump está a provocar várias reflexões acerca do futuro da política externa norte-americana. Num ensaio publicado na edição mais recente da National Interest, são analisadas as propostas em termos de política externa dos dois candidatos e a conclusão não podia ser mais clara: é necessário que os EUA façam uma correção no curso da sua atuação internacional. Também ao nível europeu se sentem estas preocupações. O artigo de Javier Solana e Strobe Talbott saído no New York Times revela precisamente esta visão de conjunto do Ocidente em declínio.

Outra reflexão que a candidatura de Trump provocou foi em torno do ressurgimento do populismo. Toda a edição da Foreign Affairs de Novembro/Dezembro é dedicada a esse tema, mas destacamos aqui o artigo de Fareed Zakaria, que contextualiza o fenómeno Trump com outros movimentos populistas que têm surgido no Ocidente, da Suécia à Grécia, passando pela Hungria.

Tensões com Rússia

Esta semana, pela primeira vez desde 2012, Vladimir Putin deslocou-se a Berlim, numa visita à Chanceler Merkel, com vista a uma negociação em relação à situação ucraniana. Neste encontro, em que também estiveram presentes o presidente francês François Hollande e e o seu homologo ucraniano, Petro Porochencko, foi possível alcançar um ponto mínimo de entendimento em relação a esta questão. Porém, foi mais complicado qualquer referência à questão síria, relativamente à qual as tensões com Moscovo estão a fazer-se sentir cada vez mais, não só do ponto de vista da Alemanha, mas também ao nível da UE como um todo.

Ofensiva sobre Mossul

Um último apontamento acerca da ofensiva das forças iraquianas sobre Mossul, o bastião iraquiano do Daesh com uma importância estratégica fundamental. Apesar dos sucessos iniciais da operação, não deixam de se fazer sentir algumas críticas quanto às diferenças de abordagem do conflito sírio e, sobretudo, à situação em Aleppo. No seu editorial, o jornal francês Libération realça precisamente esta questão.

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Ana Mónica Fonseca

Postdoctoral researcher at CEI-IUL. Guest Assistant Professor at ISCTE-IUL. Researcher at IPRI-UNL. Research interests: Southern Europe democratic transitions, Portuguese-German relations during Cold War, transatlantic relations, German History, democracy promotion and transnational history.