10 DEZ | Exposição/Colóquio ‘A Resistência Estudantil à Ditadura’
A 10 de dezembro (10h), acontecerá a abertura da exposição ‘A Resistência Estudantil à Ditadura’ (Sala de Exposições), seguida de um Colóquio (Grande Auditório).
A exposição documental ‘A Resistência Estudantil à Ditadura’ é organizada no âmbito do projeto “Free Your Mind (FYM): Youth Activism in Southern Europe in Times of Dictatorship”, financiado pelo Programa Europa para os Cidadãos da União Europeia (Vertente 1: Memória Europeia) e coordenado por Luís Nuno Rodrigues (CEI-Iscte). Uma colaboração entre a Associação Cultural Ephemera e o CEI-Iscte.
A abertura da exposição terá lugar no próximo dia 10 de dezembro, às 10 horas, na Sala de Exposições, Edifício II, Piso 0. Seguir-se-á um conjunto de painéis sobre a mesma temática (no Grande Auditório, Edifício II, Piso 1):
- 11:00 – Painel 1: Ativismo estudantil no período do Estado Novo: testemunhos (moderação: Luísa Tiago Oliveira, Professora, Iscte)
- Oradores: Domingos Lopes, Eduardo Ferro Rodrigues, Eugénia Varela Gomes e Renato Soeiro.
- 15:00 – Painel 2: Ativismo jovem do século XXI (moderação: Inês Caldeira, Presidente da Associação de Estudantes, Iscte)
- Oradores: Andreia Galvão, Flávio Almada, Gil Rodrigues e João Assunção.
- 17:30 – Painel 3 (em inglês): Youth Activism in Southern Europe in Times of Dictatorship (moderação: Luís Nuno Rodrigues, Professor, Iscte)
- Oradores: Guya Accornero, José Pacheco Pereira, Maria Kousis e Óscar Martin Garcia.
APRESENTAÇÃO – O PAPEL DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NA RESISTÊNCIA À DITADURA
O movimento estudantil teve um papel destacado na resistência à ditadura. Acompanhou a resistência operária e a acção política clandestina, nas suas diferentes fases, anarquista, republicana (do “reviralho”), comunista, socialista e esquerdista. Nele se formaram muitos dirigentes comunistas, socialistas, católicos progressistas e esquerdistas e, por essa via, muitos milhares de estudantes participaram directamente em lutas que rapidamente perderam o carácter corporativo para se tornarem lutas políticas no pleno sentido da palavra. Foi um grande mobilizador e um grande “formador”.
Nos 48 anos de ditadura (mais longa do que as ditaduras espanhola e grega) conheceu momentos de refluxo e ascenso, mas a partir dos anos sessenta do século XX tornou-se uma constante da vida das universidades e liceus, tornando-as ingovernáveis para o regime. Comunicou com vários outros movimentos de resistência, cooperativa, sindical, cultural, social e política. A sua influência estendeu-se aos quartéis, quer pelas incorporações forçadas de dirigentes estudantis, quer pela frequência por militares de aulas nas escolas revoltadas, quer pela entrada nos quartéis, mesmo nas frentes de combate colonial, de música de protesto e das publicações estudantis sem censura. No 25 de Abril de 1974, o movimento estudantil teve de imediato um papel na mobilização política e, pela passagem nas Associações de Estudantes, muitos quadros tiveram a “preparação” necessária para o exercício de funções na nova democracia, em todas as áreas da governação, no parlamento e onde eram precisos conhecimentos técnicos e científicos associados à política de uma democracia.
Quando se aproximam os cinquenta anos de democracia, pode-se afirmar que com o movimento estudantil e o seu papel na resistência e na oposição, a democracia consolidou-se com mais rapidez e força.
Esta exposição retrata alguns aspectos desse movimento estudantil, dos finais da década de 60 até 1974, período em que coincidiram as ditaduras portuguesa, grega e espanhola.
José Pacheco Pereira
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