A exoneração de Isabel dos Santos
O primeiro impacto aconteceu com a exoneração de toda administração da petrolífera – e santa protectora do Orçamento Geral do Estado – Sonangol, até hoje liderada pela engenheira Isabel dos Santos. Em sua substituição foi nomeada uma nova administração liderada pelo até agora Secretário de Estado dos Petróleos, Carlos Saturnino Oliveira que era, até há umas semanas, um dos administradores da Sonangol e despedido – perdão, exonerado – pela então recém-chegada a PCA da Sonangol, Isabel dos Santos. Haverá quem diga que a vingança serviu-se fria. Mas, não deixava de ser uma situação não só prevista, como expectável, como adiante esclarecerei.
O segundo caso, do dossiê “dos Santos Family”, ainda que dada como tendo sido do Governo, mais concretamente do Ministro da Comunicação Social João de Melo, foi a cessação do contrato que havia entre a televisão pública de Angola (TPA) e a Semba Comunicações, liderada pelos manos Welwitshea “Tchizé” e José Paulino “Coreon Du” dos Santos. Este empresa geria a TPA2 e era também gestora ou co-gestora da TPA Internacional.
Passará a faltar os dois restantes membros da família. De momento, ainda que só me pareça viável, o de José Filomeno dos Santos, o administrador do Fundo Soberano de Angola (FSA); o quarto será João Lourenço conseguir assumir o cargo de presidente do Partido ou, em alternativa, fazer como Mário Soares em Portugal e meter o cartão do partido na gaveta para não estar dependente das directrizes do líder do partido de que, João Lourenço é só vice-presidente.
O caso do Fundo Soberano, além de ter sido criado para gerir os dividendos resultantes dos lucros da Sonangol – mas, segundo as boas vozes, esquecendo, assim, as más, também para dar um posto ao ainda detentor do cargo da FSA – serviria para eventuais (e naturais) transacções financeiras que, pela sua especificidade e características não poderiam ser efectuadas pela Sonangol.
Assim se compreende o caso “Paradise Papers” em que, indirectamente, o FSA está envolvido. Pode ser ilegítimo e amoral, mas em certas transacções financeiras, como compra e venda de petróleo é habitual e muito usado, a utilização das off-shores.
Findo isto, um comentário ao caso principal: o da exoneração da administração da Sonangol.
Leia o artigo completo no site do jornal Folha 8.
O investigador do CEI-IUL Eugénio Costa Almeida foi também convidado pelo jornal RFI a comentar os mais recentes acontecimentos na Sonangol, que envolvem a família do antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos. Oiça a entrevista completa aqui.
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