Beyoncé teria dito que pretendeu homenagear a cultura africana. Qual? Embora o continente não esteja culturalmente tão fragmentado como pretendem os identitários, não há uma cultura africana única, há pluralidade.
As visões de África criadas por Hollywood têm evoluído consoante as forças presentes no mercado. Primeiro lançaram as imagens dum tal Tarzan em paisagens exuberantes nas quais a presença de negros era coisa rara. Depois introduziram a rainha Cleópatra representada por Elizabeth Taylor no meio de faustosos ambientes que desencadearam uma persistente busca por reis e rainhas no continente africano. Assim, até filmes interessantes tiveram títulos como O Último Rei da Escócia para abordar a ditadura de Idi Amin no Uganda. Hotel Ruanda e Diamantes de Sangue foram honrosas exceções holiudianas.
Há cerca de uma década, as grandes produtoras constataram o aumento das classes médias negras nas Américas e em África, novo fator de mercado e obtiveram enormes sucessos, como Pantera Negra, prevendo o mesmo para um filme que ainda pouca gente viu, devido a lançamento muito recente agravado pelas condições sanitárias, mas sobre o qual se estabeleceu — sobretudo nas Américas — feroz polémica: Black Is King (“Negro É Rei”).
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