Haverá mudanças em Angola com João Lourenço?
Só haverá mudanças em Angola se o futuro Presidente tiver força para se impor, defende analista ouvido pela DW, que vê em João Lourenço um possível “Mikhail Gorbachev angolano”. Será possível uma maior abertura política?
DW África: Há alguma diferença nestas eleições angolanas em relação ao passado?
Eugénio Costa Almeida: O problema nestas eleições, e que a oposição está a falar neste momento, é que a fraude não diz respeito à eleição em si, mas tem a ver com a votação.
DW África: A palavra que mais se ouviu na campanha foi “mudança”, desde os partidos até aos eleitores. Mas o que poderá mudar em Angola?
ECA: Eu acredito que haja vontade de mudança. No entanto, o problema diz respeito ao resultado das eleições. Qual será o resultado do partido de ganhar e qual será a força desse partido e, depois, dentro do partido. Ou seja, como o Presidente vai distribuir os pelouros. Em função da distribuição dos pelouros governativos, e mesmo de outras condicionantes, é que verificaremos se haverá, ou não, mudança. Sem querer ser irónico, eu diria que mudança vai haver, porque muda-se o Presidente da República. Logo aí, há mudança. Entretanto, a questão de mudanças políticas é o que se deseja e o que se pede. O problema é se o partido terá capacidade de mudança. Além disso, saber se o Presidente eleito, em princípio João Lourenço, terá força suficiente para impor as mudanças necessárias.
DW África: Mas acredita que Lourenço tenha força política?
ECA: Neste momento, acredito que ele não tenha força política. Entretanto, penso que ele a poderá ganhar e que José Eduardo dos Santos, quem o propôs, o ajude a ter a força necessária.
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Luanda, Angola. Photo by Fabio Vanin / CC BY-SA 3.0
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