Instabilidade à Italiana
Matteo Renzi enfrentou os poderes instituídos do Partido Democrático. Agora, depois da demissão, haverá uma contagem de espingardas e, caso saia vencedor, poderá ir outra vez a jogo nas legislativas.
A União Europeia vive um período conturbado, o que torna cidadãos, políticos e mercados mais sensíveis a tudo o que ocorre em cada Estado-membro. Só assim se explica a atenção dedicada pela generalidade dos órgãos de comunicação social à eleição presidencial austríaca. O presidente, na Áustria, tem poderes ainda mais limitados do que em Portugal, mas a repetição da segunda-volta e, sobretudo, a participação de um candidato de extrema-direita deixaram os governos e os investidores em suspenso até à confirmação da vitória do ecologista Alexander Van der Bellen.
O alívio foi efémero e, poucas horas depois, os europeus eram confrontados com o regresso da instabilidade à política italiana, depois de quase três anos de governo de Matteo Renzi. Desde que assumiu a função de presidente do Conselho de Ministros, Renzi vinculou a sua governação à aprovação de uma revisão constitucional profunda e de uma nova lei eleitoral que facilitasse a formação de maiorias de um só partido. Qualquer dos projectos abalava as fundações do sistema parlamentarista italiano, em parte responsável pela instabilidade que tem marcado o país desde que a Constituição de 1948 entrou em vigor.
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Matteo Renzi. Photo by 西风 桂冠 / CC BY-SA 4.0
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