Itália vive “anomalia”, “uma peculiaridade perigosa na História” do país
Na segunda-feira, Giuseppe Conte aparecia como a solução para o impasse político que dura há quase três meses em Itália. Era o nome encontrado pelo Movimento 5 Estrelas e pela Liga, após intensas negociações, para chefiar o próximo Governo – um nome que, ainda assim, contraria a vontade de apresentarem um político com cartas dadas e não um tecnocrata. No entanto, o Presidente Sergio Mattarella decidiu adiar uma decisão para depois das consultas com os líderes do Senado e da Câmara dos Deputados. O Expresso falou com uma investigadora italiana sobre os destinos de um dos membros fundadores da União Europeia, que já parece estar com um pezinho de fora.
“Como muitos outros cidadãos, estou preocupada com um risco de paralisia, de uma crise institucional sem um Parlamento efetivamente ativo”, começa por contar a investigadora italiana Giulia Daniele ao Expresso. A investigadora, que é professora auxiliar convidada no Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, chegou a Portugal em janeiro de 2016. Desde então, mantém com o seu país de origem uma “relação bastante complicada”. Apesar de ter família e amigos em Itália, decidiu não voltar, por duas razões principais: “primeiro, porque não há oportunidades de trabalho, especialmente na minha área, e, segundo, porque vejo a sociedade italiana cada vez mais longe da minha perspetiva de vida”.
O acordo de Governo, assinado pelo Movimento 5 Estrelas e pela Liga, “queria representar um compromisso entre duas posições muito diferentes, mas com o objetivo final de conseguir o controlo do país”, diz. Na verdade, esclarece Daniele, o acordo “representa uma anomalia, uma peculiaridade perigosa na História italiana”. O eurocético 5 Estrelas foi o partido mais votado nas eleições de 4 de março, seguindo-se o Partido Democrático, de centro-esquerda. Contudo, em bloco, foi a coligação de direita – que juntou a Força Itália (de Silvio Berlusconi) e a Liga (de extrema-direita) – a conseguir mais votos. A indicação de Giuseppe Conte como primeiro-ministro parecia esta segunda-feira pôr fim a um impasse político que durava há quase três meses.
Leia o artigo completo no site do jornal Expresso (apenas para assinantes).
Photo by Braden Collum / Public domain
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.