Na enfadonha Europa: amor igual, direitos iguais
É fácil idolatrar uma revolução numa terra distante. Tal como é fácil menosprezar a transformação no lugar onde estamos.
Ninguém teria coragem de chamar à União Europeia uma revolução. Pelo contrário, a UE é chata, burocrática, abstrata e mal-amada. A UE avança ao cochichos, quando não avança às arrecuas. Ainda por cima é fácil de confundir a UE com as suas instituições e estas com os Estados-membros e os seus governos, resultando tudo numa salgalhada onde cada argumento e o seu contrário é sempre válido. Nos últimos dias tem sido possível ler, por exemplo, que “a Europa abandonou a Itália com a sua crise dos imigrantes”. Verdade ou mentira? Depende daquilo que a que se chamar “Europa” naquele início de frase.
Se é das instituições da UE que falamos, tanto a Comissão Europeia como o Parlamento Europeu aprovaram diversas propostas no sentido de tomar a chamada crise migratória como um fenómeno não italiano mas europeu. Foram os restantes governos nacionais que, guiados pelo mais estreito e cego interesse próprio, sempre se opuseram a qualquer europeízação da reinstalação de refugiados, por exemplo. Mas como a amálgama entre “Europa” das instituições e a dos governos é sempre fácil, eis como se pode pegar num problema cuja solução europeia sempre foi enjeitada pelos governos nacionais e ainda assim dizer que foi “a Europa” que o criou. Para olhos maniqueístas, há uma maneira fácil de ver este novelo: tudo o que vier da Europa é mau, tudo o que vier da nação é bom (ou vice-versa). Mas essa é a maneira errada.
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As opiniões expressas neste texto representam unicamente o ponto de vista do autor e não vinculam o Centro de Estudos Internacionais, a sua direcção ou qualquer outro investigador. Photo by Håkan Dahlström / CC BY 2.0
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