Notas soltas para memória futura
Depois de uma semana sabática devido a preparação e conclusão de conferências, mesas-redondas e aulas-abertas volto ao vosso convívio com 4 pontos a reter e a ter em conta em futuro próximo:
O Presidente João Lourenço fez um périplo por terras francófonas (França e Bélgica) onde convidou os empresários destes países a investirem em Angola, ao mesmo tempo que anunciava a intenção de levar o país a aderir à francofonia.
Em princípio não vejo nada de inconveniente, até porque quer Cabo Verde, quer a Guiné-Bissau já fazem parte desta organização multicultural linguística – com a particularidade dos Bissau-guineenses também fazerem parte do Franco CFA – ou São Tomé e Príncipe, como, por exemplo, Moçambique faz parte da Commonwealth (Comunidade Britânica).
Ora qualquer destes países, além de lusófonos – que não abdicam, pelo menos, não é essa a sua intenção – estão “cercados” por países francófonos ou anglófonos. E Angola está “enclavada” entre francófonos e anglófonos, com a particularidade de pertencermos a duas regiões económicas distintas – algo que a União Africana não gosta (pertencer a duas regiões simultâneas) – e sermos, uma potência na área francófona (mais concretamente, na CEEAC) e estarmos referenciados, também como tal, na área da Africom.
Nada me espante e nada me apoquenta, porque não será este facto que deixaremos de ter a lusofonia – aquela que aprendemos desde, quase, a nascença – mas… e há sempre um mas, é que a França usa e abusa da sua posição em África para afirmar a françafrique e, com ela, a ascendência político-militar de Paris sobre os países africanos. Isso sim, é o que temo se o Presidente João Lourenço não estiver preparado ou avisado para as reais intenções francesas – a françafrique – criadas por De Gaulle e que Macron está, ao contrário dos seus antecessores, que, apesar disso, sempre a tiveram em conta, está a procurar aumentar a sua influência. Veremos, porque, não esquecer, não há almoços grátis…
Em Moçambique, mais concretamente, na província de Cabo Delgado, persiste uma actividade radical terrorista que, na realidade, não se sabe se é, de facto, de influência islâmica como querem fazer crer, ou se a mesma esconde, na verdade, acções contra a economia, dado a área – até ao Lago Niassa – ser rica em hidrocarbonetos, pedras preciosas e a sua exploração colocar em causa eventuais actividades ilícitas, como transacções de drogas aquilo a que muitos moçambicanos chamam de rota da Ka-pulana e que vai desde o nordeste do Condo Democrático até Pemba, por via férrea.
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As opiniões expressas neste texto representam unicamente o ponto de vista do autor e não vinculam o Centro de Estudos Internacionais, a sua direcção ou qualquer outro investigador. João Lourenço / foto de Jette Carr (cortada) / domínio público
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