O lugar de Cuba na política externa americana
O Director do CEI-IUL, Luís Nuno Rodrigues, foi entrevistado pelo Diário de Notícias a propósito das relações entre os Estados Unidos e Cuba e do impacto da morte de Fidel Castro e da eleição de Donald Trump.
Quais serão as diferenças previsíveis na política americana em relação a Cuba com a passagem de poder do democrata Barack Obama para o republicano Donald Trump já a 20 de janeiro?
De momento temos mais dúvidas do que certezas quanto ao que vai ser a política externa da futura administração Trump. A verdade é que as declarações de Donald Trump durante a campanha eleitoral apontavam já para a possibilidade de uma reversão da política seguida por Obama, pondo em causa os acordos alcançados entre os dois países e o clima de détente que se instalou desde o final de 2014. Nos últimos dias, depois da morte de Fidel Castro, o contraste entre as reações de Obama e o regozijo de Trump foi marcante. O presidente eleito afirmou mesmo estar disposto a suspender a aproximação a Cuba, caso este país não aceite, nas palavras de Trump, um melhor acordo. A mudança da política quanto a Cuba pode ser ainda mais marcante, uma vez que grande parte da política de Obama enfrentou a oposição de um Congresso republicano e avançou, em grande medida, através de ordens e diretivas presidenciais, sem ratificação pelo poder legislativo.
A morte de Fidel Castro gerou reações muitos fortes nos Estados Unidos, desde o presidente eleito a classificar o líder comunista como um brutal ditador até à festa dos exilados cubanos em Miami. Mas Cuba pode ser hoje considerada uma prioridade da política externa dos Estados Unidos?
Foi certamente uma das prioridades da administração Obama, talvez sobretudo em termos simbólicos. A aproximação a Cuba pôs fim a mais de 50 anos sem relações diplomáticas. Em janeiro de 1961, o presidente Eisenhower anunciou o corte de relações diplomáticas e, no ano seguinte, o presidente Kennedy tornou permanente o embargo económico. A invasão da Baía dos Porcos, em 1961, e a crise dos mísseis de Cuba, em 1962, ainda agravaram mais a tensão entre os dois países. Assim se compreende a importância política da aproximação gizada por Obama e, sobretudo, a sua importância simbólica. A presidência de Obama não tem um registo particularmente feliz em termos de política externa. Ora, juntamente com o Irão, Cuba foi uma das áreas em que, na parte final do seu mandato, Obama quis fazer a diferença e deixar uma marca para a história. Note-se que a sua visita ao país, em março de 2016, foi a primeira de um presidente norte-americano em quase 90 anos.
Ler entrevista completa no Diário de Notícias.
Photo by CIA - The John F. Kennedy Presidential Library and Museum, Boston, Public Domain
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.