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A ONU de António Guterres: os desafios de uma reforma

A ONU, tal como a conhecemos hoje, já não é igual a que foi aquando da sua fundação em São Francisco nos EUA, em 1948, após o fim da Segunda Guerra Mundial. A partir de 1 de Janeiro de 2019, a Organização das Nações Unidas (ONU) passou a ter nova configuração organizacional.

Diante dos inúmeros problemas que têm vindo a assolar o Mundo nas últimas décadas, desde as guerras violentas à fricção intra-estados que se tem vindo a observar um pouco por todo o lado, sobretudo entre os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), as divergências e os antagonismos têm cada vez aumentado mais.
A actuação do actual Secretário-Geral, António Guterres, tem mexido com a célula orgânica de gestão blindada e, sobretudo, burocrática, centralizada na sede da organização em Nova Iorque, de onde são formuladas as regras e determinadas as políticas de implementação no terreno.

Este desafio expressa-se frente a uma notória falta de consenso entre os cinco membros permanentes que integram o CSNU, França, China, Estados Unidos da América, Grã-Bretanha e Rússia. Cada um destes países tem a sua agenda e interesses próprios, o que inevitavelmente tem vindo a influenciar o funcionamento da organização desde a sua criação.

A título de exemplo, a frustrante experiência e incapacidade de acção durante o genocídio no Ruanda em 1994 e quando os EUA, Grã-Bretanha e seus aliados decidiram invadir o Iraque de Saddam Hussein sem autorização prévia do CSNU, elucidam a dimensão profunda das divergências dentro daquele órgão, cujas reformas continuam a ser tema de grandes debates a variadíssimos níveis.

É com alguma apreensão que respondo à indagação sobre a capacidade de António Guterres para levar a cabo a tão falada reforma da ONU. Isto porque o Secretário-Geral assumiu o comando da ONU numa altura em que a conjuntura global se tem caracterizado pelos efeitos da crise financeira, o que, ano após ano, tem vindo a afectar não só o financiamento das operações de paz, como também o sistema da organização no geral.

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As opiniões expressas neste texto representam unicamente o ponto de vista do autor e não vinculam o Centro de Estudos Internacionais, a sua direcção ou qualquer outro investigador.

Foto de Harshil Shah / CC BY-ND 2.0

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Miguel Mbiavanga Ajú

Researcher at CEI-IUL. PhD candidate in Political Science and International Relations (ISCTE-IUL). Administrative officer at the United Nations Organisation.