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Primeiros 100 dias de João Lourenço causam otimismo pelas exonerações, mas dúvidas sobre o resto

Os primeiros cem dias de João Lourenço como Presidente de Angola trouxeram surpresa e otimismo pela velocidade das exonerações de figuras do clã do ex-presidente José Eduardo dos Santos.

Também surpreendida pela velocidade e alcance das exonerações foi a investigadora portuguesa do ISCTE e especialista em assuntos africanos Ana Lúcia Sá.

“O ritmo das exonerações e as pessoas exoneradas, chegando inclusivamente à família Dos Santos, foi uma grande surpresa para mim”, disse à agência Lusa a especialista em Angola, para quem esta “foi uma maneira de passar a mensagem de rotura com o passado, de rotura com a impunidade”.

No entanto, contrapõe Ana Lúcia Sá, o ritmo das exonerações “acaba por esconder o facto de não haver uma política económica forte” no discurso do novo Presidente.

“Como é que João Lourenço vai diversificar a economia? Como é que o Estado vai deixar de estar tão partidarizado, dentro das lógicas do MPLA? Como vai combater às desigualdades sociais e a corrupção? Não é só exonerar”, salienta a investigadora.

Para Ana Lúcia Sá, o simples afastamento de algumas pessoas da alta estrutura angolana não resolve por si só os problemas económicos de uma nação cujo Produto Interno Bruto assenta essencialmente nos preços do petróleo, atualmente em níveis historicamente baixos.

Assim, disse, poderá ser “o desempenho da economia angolana a decidir se o povo angolano acredita que estas medidas eram a sério ou não”.

“As medidas económicas e as medidas sociais [de combate à desigualdade] serão as duas formas de se ver as intenções e o papel de João Lourenço como Presidente”, concluiu.

Leia o trabalho completo no site do jornal Observador.

João Lourenço. Photo by GCIS / CC BY-ND 2.0

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Ana Lúcia Sá

Associate researcher at CEI-IUL. PhD in Sociology. Research interests: discourses of social scientists and other intellectuals from Central Africa about the representations of the continent, the cultural diversity, and the decolonization of knowledge; the concept of land in African contexts.