This Week in the News (November 14, 2016)
Presidente Trump: ondas de choque
Passou uma semana da vitória eleitoral de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas e as reações ainda estão a fazer-se sentir. Logo no fim de semana, os Ministros dos Negócios Estrangeiros Europeus reuniram-se e o resultado foi a defesa do reforço da cooperação nas políticas externas e de defesa, inclusivamente com o anúncio de um Plano sobre a Segurança e Defesa da União Europeia. Por seu lado, o Secretário Geral da NATO, Jens Stoltenberg, reforçou a necessidade que ambas as margens do Atlântico têm uma da outra, numa recente intervenção no German Marshall Fund of the United States.
De um modo geral, a imprensa reforça a preocupação dos Europeus com as modificações que uma presidência Trump poderá trazer para a histórica aliança transatlântica, tendo o Le Monde referido o receio do “salto para o desconhecido” que a nova administração poderá vir a trazer, nomeadamente no que diz respeito aos Acordos sobre o Clima ou à situação na Síria. Por seu lado, o germânico Der Spiegel salienta o impacto que a chegada do novo Presidente norte-americano poderá ter na NATO, no início de um novo ciclo da Aliança. Klaus Brinkbäumer, editor do semanário alemão, chega mesmo a caracterizar o novo líder Norte-Americano como um “absurdo e perigoso Presidente”, identificando aqueles que o elegeram como uma ameaça à democracia.
Na Ásia, o Primeiro-Ministro japonês – primeiro líder estrangeiro a reunir com o Presidente-eleito – já se apressou a dizer que Donald Trump poderá ser uma mais-valia para a política externa Norte-Americana, apesar de, segundo o historiador e analista italiano Mário Del Pero, ainda se saber pouco sobre o que verdadeiramente será essa política externa. Ainda assim, será de esperar que a chegada de Trump à Casa Branca traga mudanças no tom e na forma da política externa Norte-Americana para a Ásia.
Obama na Europa
Por outro lado, o ainda Presidente Barack Obama realizou esta semana o seu último périplo por vários países Europeus. Em todos, procurou salientar a importância da Europa para os interesses estratégicos Norte-Americanos. O auge deste périplo foi a visita à Chanceler alemã Angela Merkel, por muitos identificada agora como a derradeira defensora da ordem liberal. Aliás, parece que a eleição de Donald Trump tem gerado, como um dos muitos efeitos secundários, a emergência de uma atenção redobrada sobre a liderança Alemã, quer ao nível da UE, quer ao nível das relações transatlânticas.
A Leste nada de novo?
A emergência, um pouco por todo o mundo, de forças mais próximas da direita, com visões conservadoras ou tendências populistas, tem sido reforçada com a eleição de Trump e continua na mente de todos os media e analistas internacionais. A Rússia e a China – as grandes potências autocráticas com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas – ou os movimentos nacionalistas de direita como a Frente Nacional de Marine Le Pen na França, sentem o seu poder reforçado, na opinião de Fareed Zakharia. Segundo este autor, o que une estes apoiantes de Trump será a ideia que todos partilham de que a “ordem internacional está podre e deve ser desmantelada.”
Um claro sinal desta posição é a saída da Rússia do Tribunal Penal Internacional. A decisão de Putin estará relacionada com o aumento das pressões para uma investigação dos ataques aéreos Russos na Síria. Igualmente, os resultados eleitorais na Bulgária e na República da Moldávia apontam para um crescendo da influência Russa naquela região, se bem que terá sido o descontentamento da população com a elevada corrupção e as desigualdades sociais que terá guiado o voto, em ambos os países. No caso da Bulgária, estado membro da NATO e da UE, a situação complicou-se com a demissão do Primeiro-Ministro Boyko Borisov e a convocação de eleições antecipadas para a primavera de 2017.
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