This Week in the News (February 3, 2017)
A União Africana em destaque
Esta semana as notícias em África ficam marcadas pelas mudanças na União Africana. Na 28ª Cimeira da União Africana, intitulada “Harnessing the Demographic Dividend through Investment in Youth”, realizada entre 22 e 31 de Janeiro, os países africanos levaram a cabo várias e importantes mudanças na organização.
A primeira foi a reentrada de Marrocos na União Africana, apesar das reservas da Argélia e África do Sul. O regresso de Marrocos, que abandonara a organização em 1984 em protesto contra a admissão da República Árabe Sahraoui Democrática (RASD) foi saudada tanto pelo presidente cessante Idriss Déby Itno (do Chade) como pelo novo presidente, Alpha Condé (da Guiné Conakry). Desde 2013 que o rei Mohammed VI se tem desdobrado em visitas oficiais a muitos países subsarianos, em muitos casos acompanhado de comitivas de investidores, para construir as necessárias alianças para esta reentrada.
Em segundo lugar, a eleição do guineense Alpha Condé para novo presidente da União Africana, que não perdeu a oportunidade de assinalar a questão da representatividade no seio da organização, depois de ter visto a Comitiva senegalesa abandonar a Cimeira em reacção à eleição de Mmoussa Faki Mahamat, que concorria com Abdoulaye Bathily para a presidência da Comissão da União Africana. De registar ainda a ausência de qualquer informação sobre a eleição do guineense Alpha Condé no site da BBC News, vários dias depois da mesma.
Importante é também a informação que aponta para uma possível (não declarada) retirada em massa dos países africanos no Tribunal Penal Internacional. Depois da saída de países como o Burundi, África do Sul, e a Gâmbia (de Jammeh) esta “recomendação” não vinculativa é apenas mais um episódio numa provável grande mudança neste organismo num futuro breve.
Ainda na Cimeira que juntou os líderes dos 53 países africanos, a presidente cessante da Comissão, Nkosazana Dlamini-Zuma, expressou o seu descontentamento com a Executive Order de Donald Trump, relembrando: “The very country to which many of our people were taken as slaves during the transatlantic slave trade has now decided to ban refugees from some of our countries”, expondo assim o imperialismo americano. António Guterres também falou, elogiando a abertura dos países africanos aos refugiados.
Adama Barrow de regresso à Gâmbia
Na Gâmbia, depois da saída de Yahya Jammeh a 21 de Janeiro, durante os primeiros dias as tropas da CEDEAO tomaram conta do país, onde ficarão durante os próximos seis meses, a pedido de Adama Barrow. À procura do arsenal escondido de Jammeh, ou talvez a garantir a segurança do novo presidente. Um dos “alvos” da missão da CEDEAO foi precisamente a aldeia natal do antigo ditador, entretanto transformada em quartel-general.
Na passado domingo dia 26 de Janeiro, Adama Barrow voltou ao país e já nesta quinta-feira, anunciou o seu primeiro Governo, de onde se destacam os nomes de Ousainou Darboe (libertado da prisão a 5 de Dezembro pelo regime) e Isatou Touray, ativista pelos direitos humanos e contra as práticas tradicionais nefastas.
Depois de uma saída atribulada do déspota Jammeh, ao fim de 22 anos, os cofres da Gâmbia foram deixados sem dinheiro, tendo este encontrado exílio na Guiné Equatorial, sob a protecção do regime de Obiang.
Os desafios de Barrow parecem ser múltiplos, começando pela recuperação da confiança de alguns dos sectores mais perseguidos sob o reinado de Jammeh, como o jornalismo. Urge também lidar com as clivagens étnicas promovidas pelo anterior líder mas também com as expectativas de justiça sobre os crimes cometidos.
International Press. Photo by Javier Micora / CC BY 2.0
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