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This Week in the News (March 3, 2017)
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This Week in the News (March 3, 2017)

FESPACO

Começou esta semana a 25ª Edição do Festival de cinema FESPACO, em Ougadougou, Burkina Faso. Estarão em competição mais de 150 filmes ao longo dos oito dias do festival, até ao dia 4 de Março. A edição deste ano tem como convidado especial a Costa do Marfim, país fortemente representado.

Criado em 1969, o festival é uma montra para os mais diversos assuntos sociais, sendo que este ano alguma expetativa se criou em torno de uma cada vez mais forte representação das mulheres no cinema africano.

A importância crescente do festival fica patente no número elevado de submissões, que passaram de 475 em 2011 a 950 em 2017, mas há quem considere que todo o aparato se está a tornar pesado demais para um só país.

Ainda assim, no discurso de abertura, o ministro burkinabé da cultura, artes e turismo, enfatizou a necessidade de pôr a formação no cerne da indústria cinematográfica africana. Enquanto que noutras paragens se sublinham os contornos políticos da abertura, ou a acentuada presença francófona por relação à diminuta presença anglófona e a quase inexistente lusófona. As palavras do referido ministro “Bienvenue au pays de Thomas Sankara” terão sido interpretadas como uma “récupération politicienne” do símbolo do político panafricanista.

As diversas extrapolações sócio-políticas mostram como a cultura existe em contextos por vezes conturbados e a relembrar isso mesmo, ataques a dois comissariados no Norte do país, perto da fronteira com o Mali, foram levados a cabo por pretensos jihadistas.

Terrorismo no Sahel

O Norte do Burkina Faso tem sido crescentemente alvo deste tipo de ataques desde 2015. O terrorismo no Sahel está nas notícias quase todas as semanas numa zona de crescente instabilidade. A exemplo disso, esta semana a Voix d’Afrique publicou um dossier especial sobre a “face escondida” do Boko Haram, tendo também noticiado a fusão de três grupos jihadistas no Mali.

A nova organização, apelidada de forma algo anódina de “Grupo de Apoio ao Islão e aos muçulmanos”, é constituída pela fusão das organizações Ansar Dine (liderado pelo touareg Iyag Ag Ghaly), Al-Mourabitoune (de Mokhtar Belmokhtar) e “Katibas du Macina” (do Peul Amadou Koufa). O novo movimento é liderado por Iyad Ag Ghaly e alegadamente será leal à Al-Qaida.

A proliferação jihadista no Sahel tem trazido instabilidade a cada vez mais países. No início do passado Fevereiro, cinco trabalhadores da ONU foram mortos na fronteira entre a Nigéria e os Camarões. Apesar da visibilidade que um ataque a efetivos de organizações internacionais dá, isso dificilmente pode comparar-se aos outros milhares de pessoas afetadas.

Desde a primeira incursão em território camaronês em 2013, o Boko Haram terá perpetrado 490 ataques e raptos no país. Terão sido raptadas mais de mil pessoas e mais de 1500 mortas.

Os problemas de desenvolvimento do norte do país, a debilidade económica e as diferenças culturais para o Sul, deixaram as populações à mercê das incursões do grupo terrorista que em 2014 tentou ocupar terras, mas as mudanças estratégicas do regime de Paul Biya no combate ao terrorismo impediram que o grupo conseguisse materializar um controlo efetivo de território. Porém, o mesmo regime é acusado de usar o combate anti-terrorismo para a militarização do Estado e para silenciar os dissidentes.

Fome: da Nigéria ao Sudão

Uma das consequências gravosas do crescendo do jihadismo no Sahel, foi noticiada na passada semana pela FAO-UN (Food and Agricultural Organisation of the United Nations). A fome na vasta região que vai do nordeste da Nigéria, passando pelo norte dos Camarões até à região envolvente do lago Chade, e atualmente também já ao Sudão, está a colocar em risco vários milhões de pessoas que se encontram em mobilidade forçada e em risco de malnutrição.

A piorar a situação, a propensão desde há muitas décadas, para períodos relativamente longos de seca. Ainda em época de Harmatão (até Março), avizinham-se os meses de maior calor, momento que precede a curta época das chuvas que nem sempre chega.

O governo sul sudanês declarou a passada semana o estado de fome em várias regiões do Sul. As populações, a braços com a violência e os conflitos estão encurraladas.

Marrocos pede entrada na CEDEAO

É também de assinalar esta semana, o recente pedido de Marrocos para se juntar à CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), atualmente constituída por 15 membros, enderaçado à actual presidente da organização, Ellen John Sirleaf, também presidente da Libéria.

Este pedido aparece apenas um mês após o pedido de reintegração de Marrocos na União Africana, demonstrando que o país está apostado em virar-se para fora, em busca de novos mercados, tanto em termos financeiros como em termos culturais. Apostado em “exportar know-how” em diversas áreas, a estratégia de reaproximação à África subsariana leva já alguns anos, e tem sido feita em diversas frentes. Mohammed VI tem feito várias incursões por diversos países sempre com comitivas grandes de investidores, e no passado mês de Fevereiro começou mais uma “digressão africana” por uma visita de oito dias ao Ghana, ao que se seguiram: Zâmbia, Kenya, Mali, Costa do Marfim. Observador atento dos movimentos do rei Mohammed, a Argélia.

Por outro lado, espera-se que esta “renovada” política exterior marroquina, não se fique apenas pelos acordos bilateriais, mas que se estenda aos cidadãos dos países subsarianos, que acorrem a Marrocos e encontram dificuldades de integração, vítimas de políticas fronteiriças externalizadas e violências arbitrárias.

International Press. Photo by Javier Micora / CC BY 2.0

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Ricardo Falcão

Researcher at CEI-IUL. Anthropologist and PhD in African Studies, I have chosen as my field the country Senegal. My PhD thesis is on the appropriation of information and communication technology in Senegal. Research interests: Senegalese youth, bodily practices, sexuality, tradition/modernity, social hierarchies, postcolonial studies, Sufi Islam/pagan cults, land property, and patron/client relations.