A reconstrução da paz
A racionalização dos processos de discriminação e perseguição que foram sendo convertidos em lei, mostram como existem armas políticas, muitas vezes toleradas pelas sociedades, para seletivamente controlarem determinados grupos sociais.
Assinalam-se este ano os 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Data redonda que constituiu uma oportunidade para se pensar e problematizar o passado e a memória, como também construí-los, questioná-los e desconstruí-los. Em tempos de pandemia, migrações de larga escala e novos fenómenos de sujeição humana, com o perigo de escalada dos extremismos na vida política, vale a pena refletir sobre a situação contemporânea.
Durante muitos anos, parece que os olhos se fecharam perante os corpos perdidos no mar, empurrados pela violência ou pela escassez para um ciclo migratório. Contudo também se cerraram perante a sofreguidão daqueles que faziam dinheiro montando e explorando redes de migração clandestina que, por vezes, acabam em mercados ilegais, próximos do odioso tráfico de escravos de antigamente.
Os tempos europeus de abundância fizeram esquecer, porque os europeus se forçaram a não lembrar, os horrores da guerra que mais do que matar pessoas, ameaçaram destruir qualquer sinal de humanidade e urbanidade para com o outro, ou seja, para aquele que era classificado como outro. Entre as vítimas civis e militares dos bombardeamentos, podemos acrescentar as outras, as vítimas da intolerância, do racismo e do extremismo. Entre estas podemos colocar numa escala decrescente dos mais reconhecidos para os menos memorializados, os judeus, os ciganos, os comunistas, os homossexuais e os defensores de qualquer liberdade que vivessem em território alemão ou nos países ocupados pela Alemanha de então.
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Foto de Wolfmann / CC BY-SA 4.0
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