Auto da Floripes: entre Neves e Santo António do Príncipe, uma narrativa intemporal

Arrancou o projecto “Auto da Floripes: entre Neves e Santo António do Príncipe, uma narrativa intemporal” criado por Ismaël Sequeira, José A. Chambel e pela investigadora do CEI-IUL Magda Bialoborska.

Através de uma pesquisa multidimensional, que liga a arte e a antropologia, esta equipa pretende averiguar a peça do teatro popular “Auto da Floripes”, representada em dois lugares bastante distintos: Neves, no Minho, Portugal, e Santo António, na ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe.

Com apoio de várias formas de registo – fotografia, pintura, gravação áudio e audiovisual, escrita – serão analisados vários aspectos desta peça medieval para entender a razão da sua importância para estas duas comunidades, cuja história e cultura divergem de forma significativa.

Tanto em Neves, como em Santo António as preparações da apresentação do espectáculo – que acontece uma vez por ano, no mês de Agosto (5 em Neves e 15 em Santo António) – começam uns meses antes e absorvem totalmente os participantes, as suas famílias, os que preparam roupa e adereços, os músicos que acompanham a apresentação. A peça que conta a história tão distante no tempo, no conteúdo, na linguagem daquilo que é o dia-a-dia destas duas comunidades.

Equipa

Magdalena Bialoborska

Investigadora no Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL, em Lisboa, e no Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral, em Bissau; doutoranda em Estudos Africanos (ISCTE-IUL), mestre em Estudos Africanos (ISCTE-IUL), licenciada em Etnologia e Antropologia da Cultura (Universidade de Varsóvia), concluiu o Conservatório Nacional de Música. Produtora cultural, especializada em áreas de música e dança. Foi investigadora no Centro de Estudos Africanos, participou no projecto Organizações e Representação na Economia Informal nos PALOP: experiências e perspectivas (REF: PTDC/AFR/113992/2009); desenvolveu trabalho de terreno em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e na Guiné-Bissau. Publicou vários artigos em revistas com arbitragem científica e diversos textos em publicações não científicas. Fez parte de comissão organizadora de eventos científicos e de eventos de transferência de conhecimento para a sociedade. Actualmente a sua investigação centra-se em cultura e arte, com a atenção especial para a música.

Há 6 anos começou a trabalhar sobre a música e a cultura santomense. Bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, FCT (SFRH/BD/116953/2016), está a concluir a tese de doutoramento Música em São Tomé e Príncipe do colonialismo para a independência.

A convite da AD, Acção para o Desenvolvimento, uma ONG guineense, criou e começou a realizar o projecto Instrumentos musicais na Guiné-Bissau e África Ocidental: pesquisa e formação.

Realizou, junto com Nilton Medeiros, e produziu o documentário nem meu nem teu… é nosso(2016), e produziu o documentário de Nilton Medeiros Serviçais: das memórias à identidade(2018).

Como produtora dedicou vários anos à difusão da música santomense, organizando concertos de artistas santomenses a viver na diáspora. Co-criadora, com Pedro Gomes, do projecto BeLisbon, produziu concertos em vários espaços em Portugal.

Ismael Sequeira

Ismaël Sequeira nasceu em 1969 em São Tomé e Príncipe.

Começou a pintar como autodidacta desde muito novo. Aos treze anos participa, com desenhos à cera, na sua segunda exposição colectiva, alusivo aos festejos de 12 de Julho de 1982, dia da independência nacional, sob a orientação do seu avô. Em 1986 participa pela primeira vez numa exposição fora do país: em Sintra, na feira de EFIGT.  No mesmo ano colaborou com os artistas plásticos José Viana e Flávio Trindade na organização do Departamento de Artes Pásticas da futura UNEAS (União dos Artistas Plásticos Santomenses). Não satisfeito com a orientação e trabalhos de base deste departamento, tornou-se mentor da futura APPLAS (Associação dos Artistas Plásticos Santomenses) juntamente com os artistas Luís Pina e José Manuel Mendonça (Zemé).

Em 1989 realizou a sua primeira exposição individual no Centro Cultural Português na cidade de São Tome e participou na III Bienal de Arte Contemporânea Bantú. No ano seguinte produz muito e realiza mais duas exposições individuais, no CCP e na Sala Francisco Tenreiro.

Em 1991 viajou para Lisboa e começou um novo ciclo de formação artística frequentando o curso experimental de artes plásticas na Escola Secundária António Arroio e em 1994 inicia o curso de artes plásticas – pintura. Em 2003 termina o curso de artes plásticas – escultura continuando a participar em diversas exposições colectivas e individuais.

Actualmente desenvolve o seu trabalho como artista plástico e participa em vários projectos na área artística e cultural em Portugal e em São Tomé e Príncipe.

José A. Chambel

Nascido em São Tomé e Príncipe, José Chambel vive e trabalha em Portugal. Estudou no Instituto Português de Fotografia, de 1992 a 1994.

O seu trabalho fotográfico inscreve-se numa linguagem de carácter documental, desenvolvendo projetos com temas centrados na preservação do património cultural, material e imaterial, em Portugal, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. De entre os vários projetos que José Chambel levou a cabo destacam-se “Arqueologia Industrial” (Portugal), “Tchilóli” (São Tomé e Príncipe), “Tabanka” (Cabo Verde) e “Capital” (Ilha do Príncipe). A sua obra está representada em várias coleções públicas e privadas, tais como a coleção do Centro Português de Fotografia, a coleção do Centro Cultural de São João da Madeira, a Fundação Ormeo Junqueira Botelho e a Coleção Lusofonias.

José Chambel expõe regularmente desde 1993, tendo participado em diversas bienais e exposições colectivas, quer em Portugal quer no estrangeiro, tais como “Alfa e Ómega”, Instituto Português de Fotografia (1996); V Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira (1997); Centro Cultural de São João da Madeira (1998); Centro  Cultural Português, São Tomé e Príncipe (2000); Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba, Brasil (2001); Galeria Imagolúcis, Porto (2001); Museu de Tabanca,  Assomada, Cabo Verde (2001); FotoFesta, Maputo, Moçambique (2004); Museu da Imagem, Braga (2005); Centro Cultural Humberto Mauro, Brasil (2005); Cineport II, Lagos (2006); Galeria Espaço Q, Porto (2013); Artistas dos Países Lusófonos, Casino Estoril (2013); “Resistência e Liberdade – Independências na arte das Lusofonias”, Palácio da Independência, Lisboa (2015), e CAPITAL – Santo António do Príncipe, Goa State Central Library, Patto, Panjim (2016), “Conexões Afro-Ibero-Americanas”, UCCLA, Lisboa (2017), Art Dubai (2019). Em Portugal, a sua obra passou a ser representada pela Perve Galeria, desde 2015.

O projecto conta com o apoio de:

Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL, Plataforma Cafuka, Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto.

Fotos do projeto "Auto da Floripes: entre Neves e Santo António do Príncipe, uma narrativa intemporal" / todos os direitos reservados

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Magda Bialoborska

Research Assistant at CEI-IUL. Ph.D Candidate in African Studies (ISCTE-IUL), M.A. in African Studies (ISCTE-IUL); Undergraduate studies in Cultural Ethnology and Anthropology (Warsaw University). Cultural producer, specialised in music and dance.

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