O “caso AAA” revela a desagregação económica de Angola
Durante anos, em Angola, certos beneficiários políticos de crédito nem se julgavam obrigados a pagá-lo. O fim da seguradora AAA, que detinha o monopólio dos seguros do petróleo, mostra também as lutas ferozes entre famílias com altos rendimentos.
As investigações em Genebra e Luanda sobre os movimentos bancários de Carlos São Vicente, executivo chefe da ex-seguradora angolana AAA – em fase de liquidação – levantam elementos centrais sobre a própria natureza da economia criada em Angola. Entre eles, os impactos do extrativismo petrolífero, as funções principais atribuídas à banca, os interesses nas importações ou nos contratos com o exterior e as lutas ferozes entre grupos de altíssimos rendimentos, muitas vezes autênticas linhagens.
A “triplo A” foi criada no quadro da Sonangol e, por sucessivos aumentos de capital, passou a ter São Vicente (ex-técnico da petrolífera) como acionista principal. As constantes referências a outros técnicos ou gestores da Sonagol no relacionamento com a AAA suscitam a interrogação de pesquisa se São Vicente é, de facto, detentor de 90% do capital ou se representa mais pessoas. Seja como for, a seguradora dispôs, durante anos, do monopólio em seguros de risco e gestão de fundos de pensão para todo o setor petrolífero de Angola, por adjudicação direta, ou seja, sem concurso.
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