O fim do sonho americano
O sonho americano desvaneceu-se, mas as suas contradições e promessas ainda agitam o mundo que segue atentamente o que ali se passa. Essa capacidade de liderança ainda faz dos EUA uma superpotência. Todavia, uma superpotência cujas contradições são cada vez mais visíveis.
Os Estados Unidos da América, a par da China, tem sido o país com mais ressonância mediática. Esta situação resulta não só de ser a superpotência mundial, mas também porque o seu papel interno e externo está a ser questionado. Nisso, Estados Unidos e China têm em comum o facto de a pandemia e as mudanças globais que se avizinhavam estarem já a produzir os seus impactos, criando insatisfação ao nível interno e reforço de posicionamento ao nível externo.
A pandemia, com efeitos devastadores na saúde pública, e a inépcia inicial das autoridades geraram um incremento do descontentamento interno. O assassinato de George Floyd tocou feridas antigas, exacerbadas pela situação interna, caracterizada pelo aumento do desemprego e do descontentamento com algumas políticas públicas. Os tumultos que se lhe seguiram e alastraram ao resto do mundo testemunham esse descontentamento. Esta propagação mostra como os Estados Unidos ainda são a superpotência mundial, capaz de influenciar internacionalmente os outros países, fazendo sair à rua em tempo de pandemia milhares de pessoas.
Esse poder ainda lá reside. É curioso ver como em todos os países se repercutiram os protestos, embora a situação tivesse ocorrido nos Estados Unidos. Raras foram as manifestações frente às embaixadas norte-americanas, transportando o protesto para as realidades nacionais, apesar das especificidades de cada país. Por exemplo, a presença multiétnica não é idêntica em todos os países onde houve manifestações, nem no seu volume demográfico, nem na sua constituição, nem no impacto que tem na sociedade local.
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