O nacionalismo de suposição
O bloco independentista avançou escudado em meras suposições e não em factos. A política exige improvisação, mas não pode basear-se exclusivamente em desejos. As oito suposições erradas desta deriva.
O choque entre a declaração de independência do parlamento catalão e a aprovação das medidas propostas pelo Governo, ao abrigo do artigo 155º da Constituição, pelo Senado espanhol foram (por agora) o desfecho possível de um processo de independência marcado pelos erros dos seus impulsionadores.
Seria tudo isto assim tão imprevisível? Não. Um olhar mais atento e mais crítico sobre a história recente de Espanha e sobre os seus actores talvez tivesse sido suficiente para não embarcar numa fantasia que mantém a Catalunha em suspenso há dois anos. No momento em que o nacionalismo catalão moderado incluiu a independência no seu programa e em que contribuiu para constituir um bloco ideologicamente transversal cometeu o seu erro fundador: pensar que um Estado poderia ser fundado ao arrepio de uma Constituição que ele próprio (nacionalismo moderado) ajudara a redigir e a aprovar.
A desvalorização da dimensão jurídica está na génese da sucessão de enormes erros cometidos pelos capitães do processo de desconexão. O formal/legal pode recuar face ao político, mas sobretudo quando é considerado ilegítimo pela comunidade internacional (por exemplo, colonialismo português nos anos 70) ou quando conta com uma maioria clara no contexto social em que se insere. Nenhum destes pressupostos parece ter sido preenchido. O bloco independentista avançou, assim, escudado em meras suposições e não em factos. A política exige improvisação, mas não pode basear-se exclusivamente em desejos.
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