O renascimento da China
O bom augúrio que o Ano do Rato traz, com a abundância e a versatilidade nos negócios, é também aquilo que a China precisa para enfrentar a animosidade dos EUA e as reticências da maioria dos países ocidentais face a projetos como a Nova Rota da Seda ou a Grande Baía.
No passado fim de semana, a comunidade chinesa reuniu-se em Lisboa para celebrar o Novo Ano chinês que chegará a 25 de janeiro. Na tradição chinesa, o novo ano é um período de renascimento que já anuncia o fim do inverno, as novas colheitas e uma oportunidade para encetar um novo ciclo. Este ano, consagrado ao rato, auspicia um bom ano para os negócios e para tomar riscos, devendo ser, por isso, um ano de abundância e concretizações.
O evento que percorreu as ruas da capital portuguesa e também montou um palco na Alameda Afonso Henriques proporcionou pequenas amostras da cultura chinesa, sempre com grande destaque para a gastronomia ou não fossem os portugueses e os chineses apreciadores de um bom repasto. É nesta época do ano que as famílias se juntam, os amigos se reveem e os novos projetos e alianças ganham forma.
Contudo, o novo ano chega ensombrado pela descoberta de um novo vírus da pneumonia, pela primeira vez foi identificado na China. Já outros países soaram o alarme por terem identificado pessoas afetadas com o mesmo vírus. Espera-se uma epidemia que poderá tomar contornos mundiais. Como resposta, a China demonstrou a sua vontade de colaborar com a Organização Mundial de Saúde e fornecer todos os dados que permitam combater esta ameaça à saúde pública, chegando mesmo a criminalizar todos aqueles que obstruam o progresso desta investigação. Claro, que a mobilidade, típica desta época do ano, poderá constituir um obstáculo à circunscrição do vírus.
Os parágrafos precedentes, embora paradoxais parecem explicar a chegada deste novo ano e da nova década. 2020 será um ano caracterizado pela imprevisibilidade e pela necessidade de procurar novos olhares sobre relações e espaços antigos. Um dos países em que os olhares ocidentais terão de encontrar um novo rumo é precisamente a China. Potência regional que, em breve, poderá assumir contornos globais, a China propõe novos projetos como a Nova Rota da Seda ou a Grande Baía do Delta do Rio das Pérolas que, independentemente da vontade dos países ocidentais, serão realizados. A única incógnita reside na forma como estes projetos poderão evoluir, dependendo do apoio (ou falta deste) aos mesmos, sobretudo, por parte de países europeus.
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