This Week in the News (September 23, 2016)

Obama na ONU

Tal como se esperava, a 71ª Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida desde dia 13 de Setembro, tem sido palco de importantes discursos dos mais variados líderes mundiais. Naquela que terá sido a sua última intervenção no palco principal do plenário da ONU, Barack Obama fez questão de deixar uma mensagem de esperança, mas também de realismo, de quem compreende que os desafios que se colocam no imediato e médio termo são gigantes. Apelando para o fim do fundamentalismo e do racismo, Obama procurou lançar desafios para os que virão, reconhecendo que num mundo integrado a reforma é também inevitável. De facto, este foi um discurso apontado tanto para a cena internacional, como para a própria realidade interna norte-americana.

As eleições presidenciais norte-americanas

As eleições presidenciais norte-americanas, a decorrer em Novembro, que opõem Hillary Clinton a Donald Trump, estão já a chamar a atenção do mundo para a sucessão presidencial. Não faltam tomadas de posição mais ou menos polémicas acerca do sucessor de Barack Obama na Casa Branca, como a dos editores do Der Spiegel. Os atentados em Nova Iorque e noutras cidades americanas, no fim de semana de 17 e 18 de Setembro, provocando dezenas de feridos, vieram complicar ainda mais a situação interna norte-americana e, sobretudo, impulsionar ainda mais o discurso xenófobo de Trump e seus apoiantes.

O conflito na Síria

Apesar dos constantes esforços internacionais para se encontrar uma solução para o conflito Sírio, o fim do cessar fogo acordado com o empenho de Washington e Moscovo no início do mês ficou marcado pelo ataque à ajuda humanitária nos arredores da cidade de Aleppo, uma das mais destruídas pela guerra. Este ataque foi visto por Con Coughlin, Editor do The Telegraph, como um sinal da fragilidade dos EUA na região, e sobretudo no conflito sírio. Coughlin lembrou que este conflito pode até estar longe da agenda de Barack Obama, mas não das preocupações da Casa Branca ou sequer da própria Assembleia Geral das Nações Unidas. Não obstante o objetivo de manter a cooperação internacional ativa, os EUA não hesitaram em vir a público denunciar a alegada autoria russa do ataque à coluna humanitária de Aleppo.

Mudanças políticas na Alemanha

Na Europa, as preocupações centram-se na situação política interna da Alemanha. As recentes derrotas da CDU, de Angela Merkel, nas eleições estatais alemãs, quer no estado de Mecklenburg-Pomerânia Ocidental, quer em Berlim, refletem sobretudo as críticas à política da Chanceler para com os refugiados. Merkel, aliás, reconheceu a derrota e o peso que a sua política terá tido na mesma. A grande preocupação não é só com a dificuldade que estes resultados trazem para a liderança Democrata-Cristã, mas sobretudo pela ascensão do movimento anti-imigração e nacionalista, de extrema direita, Alternative für Deutschland. Ainda assim, num interessante ensaio publicado pelo German Marshal Fund US, Timo Lochocki realça que os partidos tradicionais do cenário político alemão estão mais fortes do que nunca.

Os desafios da UE

Por outro lado, ainda no rescaldo do Conselho informal de Bratislava, surgem agora as questões relacionadas com o futuro dos acordos de cooperação transatlântica entre a Europa e os EUA (TTIP) e a Europa e o Canadá (CETA). Os desafios à União Europeia, porém, estão longe de se limitar às questões comerciais. Pela primeira vez, a Grã-Bretanha não esteve representada e o Brexit foi uma das questões centrais da discussão, apesar de, como reconhece o The Economist, não se ter chegado a nenhuma conclusão substancial. Ainda assim, subsiste a reflexão necessária e levantada oportunamente por Jakub Grygiel, nas páginas da Foreign Affairs: que Europa temos hoje em dia, e qual o seu futuro?

Photo by Javier Micora / CC BY 2.0

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Ana Mónica Fonseca

Postdoctoral researcher at CEI-IUL. Guest Assistant Professor at ISCTE-IUL. Researcher at IPRI-UNL. Research interests: Southern Europe democratic transitions, Portuguese-German relations during Cold War, transatlantic relations, German History, democracy promotion and transnational history.

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