Trump praticamente já se nomeou a si próprio candidato presidencial

Em entrevista ao DN, Luís Nuno Rodrigues analisa os resultados das intercalares nos EUA, alertando que não podem ser transpostos diretamente para as presidenciais de 2020. O diretor do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL acredita que o Partido Republicano vai estar mais unido do que nunca em torno do presidente nos próximos tempos e garante que os democratas precisam de encontrar um candidato presidencial capaz de fazer a ponte entre a ala moderada e a ala esquerda do partido.
Este resultado nas intercalares de terça-feira nos EUA foi mais uma pequena derrota republicana ou uma grande vitória democrata?

Não diria uma “grande” vitória, uma vez que os republicanos foram capazes de manter o Senado, como se esperava aliás, e de manter uma base eleitoral e social muito significativa. Mas sem sombra de dúvida que estas eleições foram um momento de viragem na história política recente dos Estados Unidos. Em primeiro lugar, porque o Partido Democrático não controlava a Câmara dos Representantes desde 2010, havendo por conseguinte amplo motivo de satisfação. Ainda não temos resultados definitivos, pelo que não podemos avaliar a dimensão dessa vitória, mas há indicações de que o Partido Democrático poderá chegar aos 230 congressistas, o que representa um aumento muito substancial. Em segundo lugar, porque o presidente Trump e o Partido Republicano perdem o controlo total que tinham em Washington, na Casa Branca e no Capitólio e que lhes permitia controlar a agenda política nos Estados Unidos. Por fim, vale a pena olhar para os resultados das eleições para os governos estaduais, sobretudo para os triunfos dos democratas nos estados do Midwest como Minnesota, Wisconsin, Illinois, Michigan e Pennsylvania, ou seja, a chamada “muralha azul”, que tinha sido desfeita por Trump em 2016.

Depois desta semiderrota, os republicanos vão ter tendência para se afastarem de Trump antes de 2020?

Muito pelo contrário. Julgo que o Partido Republicano irá cerrar fileiras em torno do seu candidato às presidenciais de 2020. É certo que no passado existiram momentos de tensão e de divergência entre Trump e o Partido Republicano. Mas esse relacionamento foi melhorando desde final de 2017 com a aprovação da reforma fiscal e tornou-se muito evidente durante esta campanha, com o presidente Trump diretamente envolvido na campanha ao lado de candidatos republicanos em muitos pontos do país. A sua crescente popularidade aconselha também a que os republicanos apostem decididamente na sua reeleição.

Como é que Trump vai lidar com uma Câmara dos Representantes de maioria democrata? Vai ser difícil chegarem a acordo sobre a saúde, a imigração, etc.?

Continue a ler a entrevista no site do DN.

As opiniões expressas neste texto representam unicamente o ponto de vista do autor e não vinculam o Centro de Estudos Internacionais, a sua direcção ou qualquer outro investigador.

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Luís Nuno Rodrigues

Director and researcher at CEI-IUL. Associate Professor at ISCTE-IUL. Editor of the Portuguese Journal of Social Science. Ph.D in American History (University of Wisconsin). Visiting professor at Brown University.

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