Turquia, Rússia e Irão: O triunvirato capaz de salvar a Síria?

Com o recuo do Ocidente, os três países assumem-se como os “atores externos mais importantes” na tentativa de resolver um conflito que já leva sete anos, defende investigador ouvido pelo Expresso. No entanto, primeiro é preciso que eles próprios se entendam. Os líderes turco e russo encontraram-se na terça-feira em Ancara, hoje junta-se o chefe de Estado iraniano.

Vladimir Putin iniciou esta terça-feira uma visita de dois dias à Turquia para intensificar as relações bilaterais. A deslocação serviu também para o Presidente russo participar, com o anfitrião Recep Tayyip Erdogan, na inauguração oficial do arranque da construção da central nuclear de Akkuyu, a primeira do género em território turco. Na quarta-feira, o chefe de Estado iraniano, Hassan Rouhani, junta-se em Ancara para uma cimeira tripartida sobre a Síria.

Em entrevista ao Expresso, Bruno Cardoso Reis, professor do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, disse que os encontros de alto nível servem para “consolidar a ideia de que foi ultrapassado o momento de crise de novembro de 2015”, uma crise diplomática provocada pela destruição de um bombardeiro russo pela aviação turca na fronteira síria. O momento agora é de “cooperação a vários níveis, inclusive a nível militar”, acrescenta o investigador.

Quanto à questão síria, “há uma convergência de interesses, sobretudo entre a Rússia e a Turquia”, avalia Cardoso Reis. “Os russos veem a milícia curda, que foi crucial no combate ao Estado Islâmico com o apoio ocidental, como o braço armado mais eficaz dos EUA na Síria e, por essa razão, querem reduzir a sua força e a sua presença”, defende. E isto acontece num contexto de debandada do Ocidente – com a derrota do Estado Islâmico, Donald Trump já falou em retirar as tropas americanas –, o que faz com que Turquia, Rússia e Irão assumam um peso relevante enquanto “atores militares externos”.

“Apesar de tudo”, continua o professor, “o Irão é aquele que, pelo menos até agora, não tem mostrado uma convergência tão grande – há mesmo queixas turcas de que o Irão estaria também a apoiar estas milícias curdas – e, portanto, é possível que o grande objetivo da Turquia seja conseguir que aquele abandone esse apoio e entre nesta agenda convergente de redução do peso das milícias”.

Leia a entrevista completa no site do jornal Expresso.

Hassan Rouhani, Vladimir Putin and Recep Tayyip Erdoğan. Photo by The Kremlin / Public domain

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Bruno Cardoso Reis

Researcher at CEI-IUL. PhD in International Security (King's College). Master in Historical Studies (Cambridge Univ.). Professor at ISCTE-IUL. Researcher at ICS-IUL and King's College.

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