Cavaleiro novo, cavalo velho

No seu primeiro discurso João Lourenço não surpreendeu, mas desiludiu. Em vez de se afirmar presidente de todos os angolanos, criticou a oposição, num discurso com um tom mais partidário que presidencial.

Muito se falou das últimas eleições em Angola, que representavam a maior mudança desde que o multipartidarismo fora consagrado constitucionalmente e se realizaram eleições gerais. Pela primeira vez não seria José Eduardo dos Santos o candidato do maior partido, o MPLA, que governa o país desde a independência. Poderia ser uma oportunidade de mudança, mas parece ter-se tornado numa oportunidade se não perdida, pelo menos cerceada no seu alcance. Parece aqui adequar-se o provérbio “cavaleiro novo, cavalo velho”, portanto nada de mudanças a correr.

Pela primeira vez, o MPLA estremeceu perante as sondagens que, apesar de apontarem para a sua vitória, também confirmavam uma tendência para uma perda de hegemonia nos meios urbanos. Essa apreensão esteve bem explícita quando inúmeras personalidades representativas do partido estiveram ativas nas redes sociais, mostrando que tinham votado. Logo que a eleição não estava ganha e era preciso correr às urnas, numa forma legal de incitar ao voto.

A vitória do MPLA confirmou-se, apesar de alguns protestos da oposição. As eleições foram consideradas livres e justas. Aguardava-se com expetativa as primeiras notas discursivas do novo presidente, que sendo um dos homens fortes do MPLA, está pela primeira vez no cargo. Sobretudo, queria saber-se até que ponto se podia esperar uma transformação da política angolana e qual o papel do novo presidente nesse processo.

Leia o artigo completo no site do Jornal Económico.

João Lourenço, quando ainda era Ministro da Defesa do governo de José Eduardo dos Santos. Photo by Jette Carr / CC BY 2.0

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Cátia Miriam Costa

Researcher at CEI-IUL. PhD in Literature (Univ. Évora). Master in African Studies (ISCSP-UTL). Undergraduate studies in International Relations (ISCSP-UTL). Research interests: intercultural relations, colonial and post-colonial studies, international communicaion, discourse analysis. Work experience: Think tanks and Economic and scientific diplomacy.

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