“A expectativa de uma solução entre Israel e Palestina fica inquinada”
A investigadora do CEI-IUL Ana Isabel Xavier foi entrevistada pelo Diário de Notícias para comentar a inauguração da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém.
Ana Isabel Xavier vê esta inauguração em Jerusalém como um reforço de legitimidade do primeiro-ministro israelita e a solução de dois Estados como uma miragem.
Como é que a Embaixada dos EUA em Jerusalém pode contribuir para a paz na região?
Em teoria, nenhum analista político pode dizer que a transferência é benéfica para o processo de paz. O que vem demonstrar é que não é só um capricho de Donald Trump, porque não traz qualquer expectativa de roteiro para a paz no Médio Oriente. Mas tem um peso político-diplomático muito forte. Com esta transferência cria antes de mais uma escalada de violência que só tende a agravar-se. Ocorre no dia em que Israel comemora 70 anos de Estado e na véspera do que os árabes chamam dia da catástrofe, símbolo da luta contra o povo palestiniano. Traz uma carga simbólica fortíssima do ponto de vista emocional. E a expectativa de uma solução fica inquinada. Cada vez mais faz sentido encontrar-se soluções criativas, nas quais se reconheça Jerusalém como capital de ambos. A solução de dois Estados parece cada vez menos consentânea com a realidade.
Netanyahu reafirmou no discurso da inauguração da embaixada que Jerusalém é capital indivisa de Israel.
Da parte de Israel sempre houve essa inflexibilidade, é uma questão que estava na última alínea das negociações. Netanyahu reforça a legitimidade interna para poder dizer que o consenso internacional da solução de dois Estados está a esvair-se, com os Estados Unidos a terem essa coragem, como Netanyahu disse. (…)
Leia a entrevista completa no site do DN.
As opiniões expressas neste texto representam unicamente o ponto de vista do autor e não vinculam o Centro de Estudos Internacionais, a sua direcção ou qualquer outro investigador.
Photo by Israel Ministry of Foreign Affairs / CC BY-NC 2.0
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