China, essa desconhecida

Portugal poderá sempre beneficiar de um passado comum e até recuperar algum conhecimento da China que decerto lhe seria útil para as suas relações presentes e futuras com este país.

Assinalou-se esta semana a passagem dos 40 anos sobre o processo denominado Reforma e Abertura, começado em 1978, sob a orientação de Deng Xiaoping. Este novo caminho traria a China para o seio das nações mais industrializadas e das economias mais internacionalizadas do mundo. Apesar dos custos que este percurso teve, nomeadamente, o mais conhecido a nível do impacto ambiental, a verdade é que tirou milhões de pessoas da pobreza com uma rapidez até agora desconhecida.

Atualmente e percebendo as suas debilidades em termos ecológicos, a República Popular da China tornou-se num parceiro dos acordos internacionais que deveriam travar a mudança climática. Iniciou um enorme processo de limpeza ambiental que inclui o investimento nas energias renováveis e a despoluição dos rios e dos terrenos aráveis. De um país bem-sucedido na atração de capitais tornou-se num importante investidor internacional. Antes fechada ao mundo, a China transformou-se num país que participa no sistema internacional de relações internacionais não só como um par, mas como uma liderança discreta em muitos aspetos. Atua tanto ao nível bilateral como multilateral e, se bem que mais participativo, também é um Estado mais exposto às conjunturas internacionais, o que é percetível no crescimento da sua dívida externa ou nas guerras comerciais em que está envolvido.

Mas o que conhecem os portugueses desta nova China que aposta na tecnologia e criou um polo de desenvolvimento que só tem precedentes e comparação com as experiências levadas a cabo nos Estados Unidos da América? Muito pouco. A China, em geral, na receção dos portugueses oscila entre a ideia da loja de preços baixos que vende de tudo e o ideário do encontro de há 500 anos, durante o período de Expansão Portuguesa, desconhecendo que a China conhecera um processo homólogo umas décadas antes.

A recente visita do Presidente Xi Jinping, não podendo passar despercebida, ficou muitas vezes aquém da sua importância em termos estratégicos para Portugal e certos aspetos simbólicos relevantes tornaram-se apenas mais um ponto na agenda. A deposição de flores no túmulo de Camões não é apenas um reconhecimento da língua portuguesa, é um reconhecimento da história portuguesa que nem sempre foi um ponto de concórdia entre os dois países, ao contrário do que usualmente aqui se pensa. Aliás, as relações entre Portugal e a China sempre foram complexas e fruto de equilíbrios frágeis, habilmente negociados.

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As opiniões expressas neste texto representam unicamente o ponto de vista do autor e não vinculam o Centro de Estudos Internacionais, a sua direcção ou qualquer outro investigador.

Bandeira chinesa / foto de Daderot / Domínio Público

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Cátia Miriam Costa

Researcher at CEI-IUL. PhD in Literature (Univ. Évora). Master in African Studies (ISCSP-UTL). Undergraduate studies in International Relations (ISCSP-UTL). Research interests: intercultural relations, colonial and post-colonial studies, international communicaion, discourse analysis. Work experience: Think tanks and Economic and scientific diplomacy.

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